Rogério Distéfano
GUSTAVO FRUET, ainda prefeito, diz que Beto Richa é cínico. Richa, cada vez mais governador, rebate: Fruet é incompetente. E que temos nós a ver com isso? Tudo, porque a troca de gentilezas se faz às nossas custas e com o nosso dinheiro. O prefeito chama o governador de cínico porque este promete a Rafael Greca, prefeito eleito com seu apoio, o que negou a ele, Fruet: a integração de Curitiba ao transporte metropolitano, só exequível com subsídio estadual.
O fim da integração do transporte e o fim do subsídio prejudicaram a gestão Fruet? Isso fez do prefeito o incompetente que o governador lhe aplica? Não é por aí. Gustavo Fruet, tudo bem, não fez uma administração retumbante. Faltou-lhe dinheiro e lhe faltaram ideias. Mas ideias também não são propriamente o forte na administração estadual, nada retumbante: estradas, hospitais, estabelecimentos prisionais, todos uivam de necessidade.
Portanto, Beto não é melhor administrador que Fruet. Um analista político nesta semana atribuiu a Beto Richa a qualidade que Napoleão exigia de seus generais, a sorte. Ainda que registrando a finíssima ironia do analista, temos que admitir que o governador tem sorte. Mas não a sorte ordinária de quem ganha na loteria ou acha dinheiro na rua. A sorte de Beto Richa é prêmio pela sua audácia, como cantou Virgílio na Eneida: a sorte que ajuda os audaciosos.
O governador é audaz, sua carreira é prova disso, vemos o filme todos os dias. Beto Richa aproveitou uma interinidade como prefeito para congelar as passagens de ônibus. Audácia e sorte, funcionou. Prometeu que, reeleito prefeito, não deixaria o cargo para disputar o governo; não cumpriu. Audácia e sorte, funcionou. No governo do Estado manteve o preço das passagens com subsídio porque seu vice assumira a prefeitura. Deu certo, audácia e sorte.
Governador, caíram-lhe no colo o episódio Ezequias Moreira e a Sogra Fantasma. Fez Ezequias secretário e deu-lhe foro privilegiado, o processo não se mexe no tribunal. Audácia e sorte, bingo! Na reeleição jurou que o Estado nadava em dinheiro; eleito, o dinheiro não existia. O povo chiou e esqueceu; audácia, sorte. Estripulias do primo próximo em negócios do Estado e na coleta de contribuições pelos auditores da receita: fez do próximo, distante e dos auditores amigos, inimigos. Audácia, sorte.
E que dizer da troca do dinheiro dos depósitos judiciais pela nomeação do filho do presidente do TJ conselheiro do Tribunal de Contas? Sorte para ele, azar para os outros. Tanta audácia que Beto pode assumir sem risco ou jactância o lema de Georges Danton, da santíssima trindade da Revolução Francesa: “L’audace, toujours l’audace”. A audácia, sempre a audácia porque Beto Richa tem sua trajetória política marcada pela audácia, bafejada pela sorte. E voltamos ao subsídio, para o qual haverá o dinheiro que foi negado ao reajuste dos funcionários. Mais audácia, sempre a sorte, desbragada sorte.
De onde Gustavo Fruet tira o ‘cínico’ que imputa a Beto Richa? Penso que é da expressão inalterável do governador, que quando confrontado com o óbvio que poderia constrange-lo, nega o evidente e escapa com expressão inalterada, imperturbável, voz monocórdia, um músculo sequer a macular-lhe o sorriso. O vulgo chama isso de cara-de-pau. Fruet prefere cinismo. De minha parte, para não ficar mal com Beto Richa, digo que é audácia. Mas tenho que admitir que muitas vezes cinismo e audácia são intercambiáveis, têm o mesmo valor e significado.
Interessante que o cinismo tem prevalecido ao embevecido eleitorado paranaense em especial o curitibano têm sido enganado por políticos todo o tempo. Temos que ouvir histórias (audácia?) de todos os lados. Atribuir tão somente ao governador esta audácia é como colocar a viseira em um burro, para que se olhe apenas para o lado que interessa aquele que o conduz. A prática de favorecer aqueles que são convenientes é própria de todos os políticos. Dizer que Fruet é vítima é uma besteira. Filho de político proeminente, também político, uns mais hábeis outros menos. A inabilidade política do prefeito junto com sua “audácia” em se juntar com o PT custaram aos curitibanos 4 anos de estagnação – senão retrocesso. O que falta ao Fruet é, na política, fazer política. Já transitou por diversos partidos e em todos ninguém prestava, somente o probo Gustavo, vítima dos políticos “audaciosos”. Pobre de nós curitibanos que precisamos que os nobres defensores do probo Gustavo lhe defendam. O prefeito ficou 4 anos sem fazer política e a população foi penalizada.
Todo povo tem o governador que merece…ambos foram eleitos pelo povo, agora não adianta chorar, algumas pessoas acabam se arrependendo em quem votou, eu por exemplo fui enganado, agora eh tarde….mas com certeza esse guri não terá meu voto para Senador….aprendi.
Bene Plácido, dizer que “a população foi penalizada” está errado. Da próxima vez que você for se referir a algum tipo de punição, use a forma correta: “a população foi apenada”. De nada.