Do blog Cabeça de Pedra
Durante muito tempo os assassinos do oco do nordeste, aqueles bichos ruins, aqueles que cuspiriam na cara do Tinhoso se ele aparecesse, essas pestes só temiam uma coisa se fossem pegos pela polícia: a bimba do boi. Instrumento utilizado nas masmorras das delegacias, era produzida a partir do nervo do pinto do animal. Um peso de ferro era colocado numa ponta, a outra presa num varal alto – e aí, esticado até o máximo, secava sob o sol ferrado daquelas bandas. A bimba vergava, mas nunca quebrava. E cada lambada dela cortava o tecido da roupa, a pele, a carne e, se quem batia era violento, chegava ao osso. Quem não confessava até o que não tinha feito? Às vezes a resenha saía completa só ao se mostrar a ferramenta de convencimento. Num cantinho discreto de casa eu tenho uma, cerca de metro e meio de comprimento, furada numa extremidade e com uma tira de couro para encaixar no punho para não sair na hora da pancadaria. Nunca usei. Mas já tive vontade. Principalmente de dar na boca de alguns imprestáveis. Toda vez que penso nisso, bato com a palma da mão na minha e, como fazia mamãe, peço perdão pelos pensamentos. Mas que seria bom fazer o estrago…