Como é mesmo aquela história? Ah, sim, no erro se aprende mais! Isso é bom de se pensar depois, mas na hora dá um treco que parece que as entranhas se contraem a tal ponto que a alma sai pela boca e vai dar uma volta pelas vielas da favela da Rocinha. Todo mundo já fez muita caca na vida. Não vale quando alcoolizado, como aquele jovem que saiu de um bar pouco antes da meia noite e resolveu desafiar tudo voando por uma avenida e furando todos os sinais vermelhos que encontrava. O que conta é aquela situação onde se atravessa uma preferencial por estar distraído e, por não ser esmagado por um ônibus ou caminhão, do outro lado vem a sensação. Ele estava pensando nisso depois que resolveu imitar todas as cenas que já viu de gente colocar a arma na própria cabeça e apertar o gatilho – e o som seco se ouvir, sem a explosão e a bala arregaçando tudo. Fez isso imaginando que o tambor do 38 estava vazio, como sempre deixava. Houve, sim, a repetição do som sem consequência, mas ao olhar o tambor, viu que ali havia um chumbo letal. Começou a tremer, lembrou das histórias que ouvia do capeta interferindo através de alguém, etc. Até conseguir apertar o gatilho, foram minutos que duraram séculos. A coragem brigando com o terror. Venceu a coragem. Depois veio o terror. E ele ficou com essa sensação para sempre, mas sem a arma assassina.