20:09ZÉ DA SILVA

É impossível ficar indiferente quando alguém revela que na cidade fria há um bar onde se vende mocotó. Aos mais sambados na vida vem a lembrança do fantástico trio que adotou o nome e do maestro Erlon Chaves e a sua Banda Veneno incendiando o Maracanazinho, num Festival da Canção, com o refrão que atravessa os tempos: “Eu quero mocotó!” Procurei, achei, mandei para dentro e aconteceu o efeito inverso da kriptonita para o Super Homem. Olhei primeiro a praça e as árvores me sorriram. Fiquei parado na esquina, todas as pessoas me olhavam com o rosto iluminado e me cumprimentavam. Vi alguém dar uma tragada num cigarro e, depois de tossir muito, jogá-lo no bueiro prometendo nunca mais. Um casas de meia idade fazia juras de amor perto do chafariz. Policiais conversavam amistosamente com adolescentes que pareciam saídos do reformatório. Mocotó é a salvação, pensei no slogan. Mas aí me deu uma vontade louca de tomar uma Coca. Tomei. Tudo voltou ao normal, ou seja, aquilo que todos conhecem.

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