7:24Invigilante

por Sergio Brandão

O ar de autoridade impunha respeito. Mas foi flagrado invigilante e virou presa. Foi quando provavelmente trocava umas mensagens entre celulares.

Ele ainda ficou com um sorriso frisado no rosto, depois do último recado que enviou, numa última conversa, que lá na frente, alguns quarteirões adiante, só o ladrão vai saber do que se tratava, quando parar de correr e olhar direito o aparelho que surrupiou do pobre segurança.

Colocado ali para vigiar, um punhado de lojas, numa galeria, no centro de Curitiba, ficou sem seu aparelho. Pagou alto pela invigilância.

A expressão de impotência anulou completamente o ar de autoridade, que tinha alguns segundos atrás.

Seu uniforme azul petróleo carregava em cima do coração um desenho grosseiro do brasão da República – e uma águia do outro lado, acima do bolso. Nas costas, um bordado escrito SEGURANÇA. Talvez as botas cano alto tenham impedido a corrida atrás do menino que levou seu celular.

O segurança foi pego de surpresa enquanto relaxava numa conversa através de letrinhas, com toda atenção que dava ao aparelho.

Ainda conseguiu sorrir, meio sem graça, quando o menino lá na frente ainda deu uma olhadinha para trás para se certificar se já podia comemorar mais um furto.

Foi só mais uma entre tantas cenas numa tarde quente, ensolarada, de um outono curitibano.

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