por Zé da Silva
Sou Deus. Li o que a menina aí embaixo escreveu. Primeiro, quero parabenizá-la pelo texto.
E ficamos por aqui. Ela é poeta, dá para notar, mas me parece angustiada. Aliás, acompanho seus desnudamentos da alma faz tempo. Como entendo disso e de tudo, acho que há uma nuvem ali dentro que teima em não sair. Tanto que a inteligência dela, que é muita, sempre é atrapalhada por isso. E o que acontece? Ela deixa de me ver direito. Então, para falar de dentro, olha para fora. Hoje quis falar comigo e novamente olhou para o etéreo. Não estou do lado de fora. Estou dentro – e acho que ela tem medo de olhar, assim como se olha no espelho e vê uma outra pessoa. Isso acontece com muita gente, mas garanto que não é difícil me ver no esplendor da força iluminada. Basta olhar. O medo cria monstros. Não sou monstro, ou seja, ninguém é. Sou normal e prezo pelo equilíbrio, pelo desenvolvimento pela experiência da vida, pelo conhecimento -mas tudo alcançado com esforço, perseverança, paciência. Não crio mundos mágicos. O caminho é aquele que a gente trilha hoje, sem esperar milagres. Eu sou ela. Ela sou eu. Eu sou todos.
Deus, não me entenda mal. Sei que não me interpreta assim. Sou mais que minhas angústias, meus temores, as nuvens que teimam cobrir minha inteligência. Acredito até que sou muito obediente e Te levo tão a sério que muitos podem não acreditar. Mas as palavras estão aí para não me desmentir e elas têm o poder de se revelar a todos que não têm medo de se olhar. E, por isso, tenho de discordar de Ti quando dizes que não me olho. Olho tanto que me perco, mas não perco a esperança de Te encontrar.