Do enviado especial:
Alguma coisa acontece (há tempos) com nosso supremo Guia e Condutor, ocupante provisório do Palácio das Araucárias. Na última sexta-feira, no complexo da Unicenp, houve um grande encontro de prefeitos, vereadores e uma penca de 1500 agricultores do interior do Estado que lá estavam para debater uma questão séria: a sanidade animal e vegetal.Visto assim do alto, mais parece outro problema da agricultura, mas foi devido ao anúncio equivocado da presença da febre aftosa no Paraná que os prejuízos alcançaram a centenas de milhões. Pois bem. Sabidamente o pessoal do agricultura tem como representantes os deputados Abelardo Lupion (DEM) e Ricardo Barros(PP), por exemplo, e de quebra o senador e candidato ao governo Osmar Dias (PDT). Lá estavam eles e discursaram. A patuléia que ouve boi mugir, vaca tossir e frango cacarejar ficou à espera da mais alta autoridade presente: o governador Roberto Requião. Esperava-se um pau puro no agronegócio, nas multinacionais e talvez na imprensa canalha que não tem sido ultimamente tão cordeira e cordata com o governo de S Excia. Nada disso. Ele abriu seu discurso com dois temas estranhos, explicando as raízes da palavra “Aleluia”. Segundo ele, palavra de
origem hebraica, onde “ale” significa “ave” e “luia” senhor ou mestre. Ninguém entendeu. Depois disse que se em vez de gente, o auditório comportasse bois com aftosa, esta dormiria diante dos discursos que se repetiam. Boa essa, dormir como aftosa em meio a discursos. Enquanto os parlamentares falaram menos de dez minutos, ele levou quase uma hora em sua doutrinação, principalmente sobre a crise econômica mundial. Explicou que nenhum americano
teve aumento salarial nos últimos dez anos, mas mesmo assim compraram casas de US$ 50 mil, que foram refinanciadas por US$ 100 mil, US$ 200 mil, no tal do sub-prime.Ninguém entendeu nem mugiu, sobre a relação
aftosa/sub-prime. E contou que nos seus contatos na Europa, de onde voltou no dia anterior ao encontro da sanidade animal, lhe garantiram que Brasil e Índia serão os únicos bois que se salvarão da boiada vitimada pela paulada da crise mundial. Não revelou a identidade de tais contatos, mas sua assessoria garantiu que não foram nem o bilheteiro do metrô de Paris, nem o garçom do bar L’Etat se Moi, nos Champ Elisées. Ah, sim, ele elogiou a parceria do seu governo com o agronegócio na campanha para salvar os rebanhos paranaenses. Sabem como é,
tem eleição próxima e brigar com osdonos das boiadas e dos frangos pode dar aftosa nas urnas. Ave Mestre, digo, Aleluia!
Ele é assim mesmo: chora em aniversário, canta parabéns em velório. Na contra-mão, xinga os no sentido contrário. É aquele menininho da piada do passo certo…