Do blog Cabeça de Pedra
Tá, foi um sonho, mas… e daí? De repente estava numa festa do político poderoso e que fala bonito. Era numa cobertura de dois mil metros quadrados e o povo que estava lá parecia ter sido treinado para falar baixinho. Eu não conhecia ninguém, só o anfitrião – e da televisão, jornais, campanhas, essas coisas. O ambiente era estranho porque não havia música – e como todo mundo cochichava, se colocassem um caixão com cadáver ali no meio da sala com piso de mármore tornaria o velório perfeito. O dono da casa não se misturava. Dava para ver ele no terraço, olhando a cidade iluminada lá embaixo. De vez em quando se virava e dava um sorriso forçado. Não me serviram nada – nem água. De repente todos resolveram ir embora. Fiquei sozinho. Quando tentei sair, apareceu o tal. Agradeceu minha presença, esticou a mão, notei uma aliança de brilhantes e, ao voltar o olhar para o rosto dele, notei que estava de bobes na cabeça e um lenço amarrado em volta, assim, como uma Maria da Vila Nhocuné. Parecia a coisa mais normal do mundo. E era. Um sonho. No outro dia dei de cara com ele na vida real, numa foto de jornal. Olhei bem para os cabelos.