Do G1 Paraná
Carli Filho admite ter bebido no dia do acidente que matou duas pessoas
Declaração foi dada na Justiça, no único depoimento do ex-deputado. Processo tramita há 6 anos; júri popular está marcado para janeiro de 2016.
Em um processo judicial que se arrasta há seis anos, o ex-deputado Fernando Ribas Carli Filho admitiu ter bebido no dia em que se envolveu no acidente, que matou Gilmar Yared e Carlos Murilo de Almeida, em Curitiba, em maio de 2009. A declaração foi dada, em 2010, na única fez que prestou depoimento à Justiça. A RPC Curitiba teve acesso ao vídeo da oitiva com exclusividade.
O ex-deputado será julgado pelas mortes em júri popular, marcado para 21 e 22 de janeiro de 2016. Ele é acusado de duplo homicídio com dolo eventual, ou seja, quando assume o risco de matar. Se condenado, a pena pode chegar a 20 anos de prisão.
“Eu lembro de ter feito uma visita ao pai no hospital, após fui ao restaurante jantar com o meu tio. Tomei uma taça de vinho e, na saída, encontrei um casal de amigos e passei à mesa deles. Nós sentamos e continuamos a comer mais e também pedimos mais uma taça de vinho e, após disso, eu não tenho lembrança do que aconteceu”, disse Carli Filho em depoimento.
Conforme as investigações, Carli dirigia em alta velocidade – 163 km/h – e estava com a carteira de habilitação cassada, com 130 pontos, 30 multas, sendo 23 por excesso de velocidade.
O ex-deputado alegou perante o juiz desconhecer que a proópria carteira de habilitação estava em condição irregular. “Nunca havia sido notificado para entregar a carteira”, disse.
Ainda no depoimento à Justiça, Carli afirmou não ter mais lembrança alguma do dia do acidente. Disse que recorda apenas de acordar no Hospital Evangélico, também na capital paranaense.
O acidente
As imagens do circuito interno de um restaurante mostram Carli Filho com duas taças nas mãos.
Na conta do ex-deputado e dois amigos, estão quatro garrafas de vinho. O porteiro do restaurante foi ouvido como testemunha do processo.
“O que me chamou a atenção foi a maneira como ele saiu do restaurante. A maneira como ele saiu do restaurante completamente bêbado. Não era uma pessoa normal”.
O porteiro ainda relatou que o casal de amigos ofereceu carona ao ex-deputado e que em determinado momento precisou segurar o ex-deputado para que ele não se machucasse.
O porteiro também falou sobre a saída de Carli do restaurante. “Muito veloz. Eu saiu dali muito rápido demais, em alta velocidade”.
O acidente foi em uma subida. Conforme as simulações do acidente, o carro das vítimas tinha acabado de virar à esquerda quando foi atingido. O carro do ex-deputado estava em uma velocidade tão alta que saltou e caiu em cima de outro veículo.
Na rua, havia vários radares com câmeras, porém, imagens do momento do acidente nunca foram encontradas.
“O que aconteceu naquela madrugada virou um grande ponto de interrogação. A única imagem que nos foi entregue é a imagem de um posto de gasolina e está adulterada em um segundo e meio”, disse a mãe de uma das vítimas, Christiane Yared.
Desde o acidente, Christiane Yared se dedica a campanhas para diminuir a imprudência e a impunidade no trânsito. Em 2014, foi eleita deputada federal pelo PTN – a mais votada no Paraná.
Ela acredita que o julgamento será um divisor de águas. “Ele vai mostrar ao país que esses casos não são meros acidentes, não são fatalidades. E também fica a leitura para quem acha que ‘não dá nada’. Essa certeza da impunidade vai acabar”, afirma Christiane Yared.
Carli Filho renunciou a mandado de deputado estadual alguns meses depois do acidente. Hoje, ele vive em Guarapuava, na região central do Paraná, e aguarda o julgamento em liberdade.
Diálogo com a família
Carli Filho afirmou durante o depoimento que nunca procurou a família dos mortos. “Eu, na verdade, sempre quis buscar o melhor. Eu sempre quis resolver a situação, mas todos devem saber o tamanho, a proporção que este fato tomou. Eu fiquei em casa praticamente um ano. O maniqueísmo midiático que foi criado, se eu saísse na rua, eu era agredido por pessoas. Então, eu fiquei com medo”, afirmou Carli Filho.
Para o advogado Elias Mattar Assad, que foi contratado pela família de Gilmar Yared, e que atua como assistente de acusação ao lado do Ministério Público, as provas existentes são suficientes para condenação.
“Neste caso nós temos a bebida configurada nos autos por depoimentos, hálito etílico e confissão do acusado. Nós temos uma velocidade acima de 170km/h provada por perícia oficial, nós temos a carteira suspensa por 130 pontos, temos a decolagem e a aterrisagem sobre o veículo das vítimas. Então, este caso, é uma Mona Lisa. Tem tudo o que precisa, tem todas as tintas e matizes para a configuração do dolo eventual”.
“Ele estava muito errado ao estar dirigindo em excesso de velocidade e embriagado e ele deve ser responsabilizado criminalmente por isso. No entanto, ele deve ser responsabilizado conforme a lei. E a lei diz, neste caso, que ele agiu sem a intenção de produzir o resultado”, afirmou o advogado Gustavo Scandelari.
A intenção da defesa é impedir o júri popular. Para ela, o ex-deputado deve ser julgado por homicídio culposo, quando não há a intenção de matar. A pena, neste caso, cairia dos possíveis 20 anos de prisão para quatro anos de serviço comunitário.
“O nosso cliente, quando ia na via preferencial, não tinha como prever que um outro carro iria lhe cruzar a frente, pois ele estava em via preferencial. Por isso, nós entendemos que foi um lastimável acidente de trânsito”.
E o vídeo da circunstância do acidente que misteriosamente sumiu?
É vero! Quem bebe como foi bebido e sai de carro nessa velocidade não tem nenhuma outra intenção a não ser chegar são e salvo em casa; a pressa foi pra fazer xixi…
CadÊ ele? ainda não colocou a sua nobre e inteligentíssima opinião nessa noticia..
Nada disso. Tudo faz parte de um complô – certamente da esquerda- para desmoralizar um deputado brilhante, com um futuro venturoso e promissor. Os dois mortos morreram apenas para acabar com a carreira do deputado. A família Carli deveria processar as famílias dos mortos por associação terrorista. Pois tudo indica, e os advogados do injustiçado ex-deputado provarão, trata-se não de um crime de trânsito, mas sim de um atentado terrorista. Contra o nobre deputado, claro.
Juruna Silvestre, ninguem merece. Será que você é Poodle ?