10:45Imperdível! Hoje tem Eder Jofre no ringue em S.J. dos Pinhais!

Da Gazeta do Povo, em reportagem de Marcos Xavier Vicente

Lenda do boxe mundial, Éder Jofre luta em S.J. dos Pinhais e vai virar filme

Além dos exercícios físicos, que mantém com regularidade, uma das principais diversões do paulistano Éder Jofre, 79 anos, é ver no Youtube lutas antigas. Confrontos de Muhammad Ali Mike Tysonestão entre os preferidos. Mas o que o maior peso-galo da história do pugilismo, título concedido em 2014 pelo Conselho Mundial de Boxe (WBC), e único brasileiro a integrar o hall da fama da modalidade realmente gosta é rever suas próprias lutas.

“Dá saudade, mas só de quando eu bato”, brinca Jofre, que neste sábado (24) volta ao ringue em uma apresentação com a paranaense Rosilete Santos no Ginásio Ney Braga, às 18h, em São José dos Pinhais. “Veja como o esporte evoluiu: no meu tempo a gente nem imaginava mulher no ringue. Vou bater nela com carinho”, volta a brincar o campeão, que deve ficar dois rounds no ringue com Rosilete.

A apresentação é organizada pelo ex-boxeador Macaris do Livramento, que coordena na cidade da região metropolitana de Curitiba um projeto com 250 crianças que têm a oportunidade de aprender o esporte.

Em 2016, ao se ver na tela, Jofre não sentirá tanto os golpes que levou como profissional entre 1957 e 1976, com 81 lutas, 75 vitórias, 50 por nocaute. O boxeador será interpretado no filme Dez Segundospelo ator Daniel Oliveira, que também deu vida ao cantor Cazuza na telona. A produção da Globo Filmes, assinada pelo diretor Rogério Gomes, terá ainda a participação do veterano Osmar Prado no papel de Kid Jofre, o pai e treinador do esportista.

Campeão mundial dos galos pela Associação Nacional de Boxe dos Estados Unidos em 1960, dois anos depois Jofre unificou os títulos da categoria no confronto com o norte-irlandês Johnny Caldwell, uma das lutas que serão retratadas no filme.

Antes de chegar a São Paulo para a disputa, Caldwell disse que não atravessaria o Atlântico para perder para um macaco. A declaração racista custou caro ao britânico. Jofre poderia ter acabado com a luta logo no começo. Mas decidiu manter o adversário mais tempo no ringue, só para castigá-lo mais – o confronto foi até o décimo round. “Eu batia com muita força no fígado dele, só para ele lembrar bem o que tinha dito”, recorda.

Diagnosticado ano passado com encefalopatia traumática crônica (ETC), conhecida como síndrome do pugilista, mal causado pelo excesso de pancadas no cérebro e que gera esquecimentos, Jofre ainda acompanha o boxe atual, mas não tem simpatia pelo MMA. “O boxe é violento, mas MMA é ainda mais violento. O cara sai quase aleijado da luta. Sem contar que um dá joelhada na cara do outro. Sem desmerecer, mas não gosto”, critica.

Prestígio

Apesar dos 39 anos distantes dos ringues, Jofre segue com reconhecimento internacional. Além de ter entrado para o hall da fama em 1992 e de receber da WBC o título de maior peso-galo da história em 2014, o campeão ainda chama a atenção da imprensa estrangeira.

Ano passado, durante a Copa do Mundo, um jornalista colombiano fez questão de ir a São Paulo só para conhecer o Galinho de Ouro, apelido do ápice da carreira.

O genro do lutador, Antônio Oliveira, afirma que o jornalista ligou para sua casa um dia antes do confronto entre Brasil e Colômbia, em Fortaleza, para dizer que não poderia deixar o Brasil sem conhecer Jofre. “Quando o sujeito chegou lá em casa e viu o Éder, começou a chorar na hora”, conta.

“O Éder Jofre não é só um dos maiores atletas do Brasil, ele é um dos maiores nomes da história do nosso país, um herói nacional”, reforça Macaris do Livramento.

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