Uma ideia sobre “A VIDA COMO ELA É

  1. Sergio Silvestre

    Descendo o rio Corrente a uns 50 km da pousada parei em um poção unde pescávamos a 30 anos e notei num ingazeiro uma latinha de SKOL que ainda não era de alumínio amarrada toda carcomida pelo tempo que eu mesmo amarrei um dia onde eu colocava umas chumbadinhas para avisar quando um peixe batia no anzol daquele galho.
    Fiquei por minutos olhando a latinha vendo o tempo que ela passou ali amarrada,enfrentando enchentes,tempestades e notei o estrago que o tempo nela fez.
    Assim como a latinha naquele tempo era nova e eu jovem e o tempo nesses 30 anos também fez estragos em mim.
    Fiquei pensando nos amigos que se foram para as pescarias no céu,os amigos que se diluirão com o andamento de suas vidas,outros que se mudaram para longe,e notei que como as tantas altinhas que eu pendurava nos galhos,só restou essa,assim como eu que até pensei em tirar ela do galho ,mas poderia derreter em minhas mãos.
    Ai lhe dei um adeus ou um até breve,não sei se ainda tenho animo ou forças para navegar até o poção,também não sei se ela se dobre a furria do tempo e desaparece.
    Subi o rio resignado e pensativo,eme perguntando por que todos os anos eu viajo 2000 km para rever esse rio.Talvez seja a dó o deixar,talvez seja um pouco de ciumes das gerações futuras usufruir dessas belezas.
    “O rio calmo ,perene segue seu curso,as vezes parece ouvir vozes saindo dos rebojos ou algum estampido da bocada dos pintados,muitas vezes o silencio é tanto que se ouve a batida dos corações dos pescadores”

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