A relação entre Rafael Greca e Roberto Requião foi muito bem retratada pelo jornalista Rogério Galindo em seu blog Caixa Zero no dia 11 de setembro de 2012, em meio à disputa pela prefeitura de Curitiba. Galindo lembrou que os dois eram só amores, mas no passado, precisamente quando o primeiro era ministro e o outro senador, houve um bate-boca no plenário do Congresso quando Greca foi falar sobre os bingos, que agora, por coincidência, podem ser liberados. O resumo: ambos se chamaram de mafiosos. A transcrição de alguns trechos é dos arquivos do Senado. Confiram:
Requião fala:
“(…)Ontem, na Comissão de Assuntos Sociais, o Ministério Público Federal anunciou a sua disposição de amanhã indiciar o Ministro Rafael Greca por formação de quadrilha e uma série de outros crimes.
Estamos aqui, numa espécie de reunião da Academia Brasileira de Letras, discutindo amenidades. O fundamental é que uma Comissão Parlamentar de Inquérito quebre os sigilos. A acusação é de formação de caixa 2 para uma futura candidatura ao Governo do Paraná ou para qualquer outra coisa. (…)
A máfia entrou no Brasil, mas não começou no Ministério do Sr. Rafael Greca. No entanto, avidamente tomaram conta do esquema e redigiram a Portaria nº 23, que o Sr. Manoel Tubino foi forçado a assinar. (…)”
O que Greca respondeu:
“Máfia italiana, camorra, narcotráfico, lavagem de dólares no exterior, mudança de famílias da cidade natal para o exterior?
Esse não sou eu Senador Requião! Esse é o opositor que V. Exª imaginaria ter, que V. Exª adoraria ter! Mas não vou cansar o Senado com questões do Paraná. Vou lhe responder tudo na Justiça do Paraná e nos palanques do Paraná. Aguarde-me!”
Requião volta:
“Não. V. Exª vai responder aqui e agora, Ministro.”
Greca retoma:
“Vou responder, sim, senhor. O opositor que S. Exª, o Senador Roberto Requião, deseja não é o Ministro que eu sou.
(…) Agora, peço desculpas também a todos os 23 milhões de oriundi que fazem parte da valorosa e brava gente brasileira e a todos os nossos imigrantes por essas ilações trágicas do Senador Roberto Requião, de profundo desrespeito à contribuição da Itália à civilização ocidental.
Revolta-me, até o íntimo da minha alma, que, à luz do renascimento, do pensamento clássico, da maravilha do Evangelho e da religião, a beleza da Itália seja reduzida ao sórdido mundo desse homem triste, muito triste, porque vive só em convívio de personagens terríveis, que ele imagina a cada ocasião.”
Requião e a palavra proibida:
“O Ministro perdeu o eixo e mentiu “……………….” ao Senado da República.”
Antonio Carlos Magalhães, presidente do Senado, intervém:
“Peço à Taquigrafia que retire a expressão imprópria do Senador Roberto Requião.”
Requião insiste:
“Retire a expressão “………………”, porque a mentira eu mantenho em qualquer circunstância e vou prová-la.
(…) O importante é que, sem esses arroubos pseudoliterários, essa defesa emocionada da máfia italiana, precisamos aprofundar a investigação sobre esse processo. Cem mil máquinas foram introduzidas no Brasil. A introdução dessas máquinas começou antes de o Ministro assumir o seu cargo, mas o Ministro foi o instrumento ou o partícipe da venda de uma medida provisória, comprada pela máfia e enviada por ele à Casa Civil da Presidência da República. A outra opção surgiu depois da ação do Ministério Público Federal, porque, até então, o Ministro defendia a regulamentação do jogo, tratado como uma situação implantada definitivamente na sociedade brasileira. E temos de levar a sério esse problema.
O Ministério Público Federal e a Polícia Federal já conseguiram provas suficientes nos interrogatórios, e o que precisamos, num gesto de coragem do Ministro, seria agora, para demonstrar com clareza que de nada tem medo, o apoio a uma Comissão Parlamentar de Inquérito que lhe quebre imediatamente os sigilos telefônico e bancário, bem como o dos auxiliares do Ministério que redigiram na Conab e em outros lugares a medida provisória que S. Exª, o Ministro Rafael Valdomiro, entregou ao Presidente da República, que, por sua vez, foi vendido à máfia italiana. Se isso não é sério, não sei o que é sério.”
Greca encerra:
“Só gostaria de dizer, Sr. Presidente, que não sou da Cosa Nostra; sou da Terra Nostra. Essa é a minha novela. A desse homem triste é a Cosa Nostra.”
Como diz o bom e velho ditado, águas passadas não movem moinhos. E não é este cara da Gazeta que vai conseguir desunir a dupla, segundo o ex-prefeito ele ainda é amigão do Senador Maluco. O que seria de espantar é se o ex-prefeito reconhecesse o valor do antigo ex-amigo, este sim é e continua sendo o cara.