7:20Na discussão sobre a venda de cerveja nos estádios, falta ouvir quem entende do assunto

A discussão sobre a liberação ou não da venda de cerveja nos estádios, para variar, só acende luzes para as apresentações dos políticos e, claro, da turma do Ministério Público. Onde estão os que entendem mesmo do assunto, ou seja, a ingestão de bebida alcoólica. Não, não se está falando aqui dos mestres, doutores que, como o signatário, atravessaram a linha entre o chamado bebedor social e o doente, dependente, alcoólatra. A referência é aos que dedicam a vida inteira ao estudo dos efeitos do álcool no organismo no ser humano – e suas consequências. Até a proibição da venda de cerveja nos estádios, hipocritamente derrubada para os jogos da Copa do Mundo (lembrem que o Ministério Público enfiou a viola no saco e assistiu a tudo sem espernear), alguém aí que frequentou os campos de futebol viu quanta desgraça acontecer por conta dos bêbados? Foi mais ou menos das que acontecem, por exemplo, nos zilhões de bares que existem no Brasil e, aposta-se, frequentados pelos mesmos que defendem a proibição? Há algum estudo a respeito disso? O álcool é droga liberada e o maior responsável por violência no trânsito e dentro das casas. Mas a maioria dos bebedores não sai por aí espancando e matando, certo? Se fosse assim, deveria haver lei seca e o produto proibido de ser comercializado. Bebe-se antes e depois dos jogos nos bares ao lado dos estádios. Se alguém entra bêbado para tentar ver um jogo, depois continua bebendo e faz caca no bar, no trânsito ou em casa. Se beber ou não dentro do estádio vai interferir em alguma coisa? É de se pensar. Tomar água é muito mais saudável, mas a recomendação é perfeita para quem trava a batalha diária da sobriedade. O argumento que utiliza a parte bandida das torcidas organizadas é apenas uma tolice que foge do cerne do problema – e que já deveria ter sido extirpado, mas aí há uma inoperância patética dos responsáveis. Hoje a Câmara dos Vereadores de Curitiba deverá aprovar a lei que libera a venda de cerveja. O Ministério Público já se manifestou contra. As luzes foram acesas e a decisão vai cair no colo do prefeito Gustavo Fruet. Não é de se duvidar que a sanção ou veto será comemorada em bares da cidade. Os doutores no assunto, entretanto, continuam ignorados. Provavelmente porque entendem do riscado.

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