por Zé da Silva
Libra
Não tenho pai nem mãe. Tenho mais que isso. Aprendi o significado da expressão popular. Mas na hora do sufoco, das trevas, das catacumbas, olha eles aqui dentro, no que mais importa. Em vida nunca me triscaram, nem gritaram comigo. Por isso ninguém faz isso. Grito mais alto. É algo que vem lá das entranhas do inferno que frequentei. E se triscarem, corre sangue no fio da navalha, no buraco da saída que faz uma 45. Não tenho pai nem mãe. Tenho certezas e medos e sigo na corda bamba não querendo pedir desculpas para depois cair, como no título do livro. Viajei milhares de quilômetros para ver os corpos dos dois no centro da sala. Não era hora do almoço. Era hora da despedida que nos uniu no ciclo da vida/morte/vida. Somos três zês sob o ritmo de uma zabumba que bombeia o coração.