por Célio Heitor Guimarães
Assustado com a presepada que armou no final de abril no Centro Cívico e que não só enxovalhou internacionalmente o nome do Paraná como confirmou a sua total incompetência para gerir o Estado, o pequeno Richa pediu desculpas à população, aos professores, à imprensa e à opinião pública:
– Uma palavra de desculpas. Todos conhecem o meu estilo, conciliador, de diálogo, de respeito às pessoas. Minha formação de valores e princípios, inclusive cristãos. Jamais agi dessa forma na minha vida pessoal, ao longo da minha carreira, da minha trajetória política. Peço desculpas, como tive oportunidade de ligar para o deputado Rasca [Rodrigues], para o cinegrafista [Luiz Carlos de] Jesus. Pedir desculpas a eles, em meu nome pessoal, em nome do governo, por terem saído feridos [foram mordidos por cachorros da PM]. Posso garantir, com toda a sinceridade: não tem ninguém mais machucado do que eu nesse momento. Tenho sofrido profundamente nos últimos dias.
É possível que tenha mesmo. Não se sai impunemente da sauna do Country Clube para descer a borduna nos professores que se manifestavam pacificamente contra os desmandos do governo do Estado. Mas terá o governador direito a perdão? Talvez tenha, mas como bom cristão que diz ser, sabe que, segundo os cânones religiosos, todo perdão é secundado de uma penitência. E a do jovem Richa é pesada e ainda vai longe.
Ele, aliás, tem certa experiência nesse assunto de remissão de culpa e aplicação de pena: logo no início de seu primeiro mandato, assim que a nau Paraná desatracou do porto, o jovem comandante pareceu ter tomado o barco errado. Ou, pelo menos, escolhido mal a sua tripulação. E, de repente, de capitão virou capelão. Então, deu uma de pastor missionário, compreensivo com suas ovelhas e piedoso com os pecadores. Ao tentar justificar a escolha de algumas figuras polêmicas (para dizer o mínimo) para cargos de relevância da administração estadual, recorreu à Bíblia e proclamou que é preciso perdoar o pecador, não o pecado. Uma bela (e ingênua) interpretação dos textos sagrados, que, no céu, desassossegou o velho José, seu saudoso pai, que saiu à procura de São Pedro para conferir se há pecado sem pecador.
Retornando ao presente, a julgar pelos fatos, os professores ainda não perdoaram o atual inquilino do Palácio Iguaçu – prova é que continuam longe das salas de aula. Isso porque a maior parte do pactuado com a administração pública – pagamento de atrasados e férias, contratação de novos professores e melhores condições para o ensino, incluindo a recuperação das escolas – não foi cumprida. E nem se fala da mudança do sistema previdenciário estatal, aquela bomba-relógio programada para explodir dentro de alguns poucos anos.
Ademais, com a chegada da data-base anual para o reajuste do funcionalismo, outras categorias de servidores ameaçam parar as atividades. Não há nenhuma proposta concreta do governo, que se faz de desentendido e, candidamente, se limita a sinalizar não ter condições financeiras nem mesmo para suprir os 8,17% correspondente à inflação dos últimos 12 meses.
Dos servidores aposentados e das pensionistas, então, é certo que o pequeno Richa não terá perdão. Com a injusta cobrança da previdência, que em nada melhorará a situação dos cofres públicos, os velhinhos e as velhinhas do Estado, que já não tinham futuro, passaram a não ter também presente.
O interessante é que, no final do ano passado, o governo do Paraná jactou-se de ter sido, na comparação com as demais unidades da federação, campeão da receita corrente líquida (RCL), entre dezembro de 2010 e abril de 2014, que cresceu 56%, passando de R$ 16,97 bilhões para R$ 26,46 bilhões. Não satisfeito, na mesma época, utilizou o chamado “tratoraço” para fazer a Assembleia Legislativa aprovar um substancial aumento do IPVA e do ICM para o ano em curso. Não obstante, o mesmo governo tem deixado de quitar as suas dívidas com fornecedores do Estado e prestadores de serviços, além de não efetuar o obrigatório depósito para o pagamento dos precatórios judiciais. Desculpa: falta de recursos, tesouro público esgotado. E aí resta a indagação: onde foi parar a dinheirama toda?
Quer dizer, o ex-garboso Charles Albert Richard – assim denominado pelo atento e irrepreensível analista do Centro Cívico G. Must, também frequentador deste blog –, que já fora cognominado Exterminador do Futuro, ganha também a merecida alcunha de Exterminador do Presente. E aí não há pedido de perdão que o absolva.
Não só EXTERMINADOR agora passa a ser também o PREDADOR de toda dinheirama .
Por essas e por outras, caro CHG, que a TV Educativa loteou parte de sua grade de programação entre padres e pastores evangélicos de várias iigrejas, como observou o colunista Celso Nascimento. Deve ser para tentar ficar de bem com Deus. Porque com os mortais, o “garboso” queimou o filme. E acho que nem com reza brava e descarrego recupera a popularidade.
Não recupero a popularidade mas fodo os paranaenses,vou deixar mai 30 anos as pedageiras para me pagar pedágios.
Brilhante análise e triste realidade !
Ele não frequenta a sauna do country clube. Só o Sciarra frequenta…