11:01Eduardo Galeano, adeus

Da Folha.com

Morre aos 74 o escritor uruguaio Eduardo Galeano

O escritor uruguaio Eduardo Galeano, autor de “As Veias Abertas da América Latina”, morreu nesta segunda-feira (13) aos 74 anos em Montevidéu. A informação foi confirmada pela editora do autor ao jornal espanhol “El País”.

Segundo o jornal, Galeano estava hospitalizado desde a última sexta-feira (10), em decorrência de um câncer no pulmão.

Considerado um dos mais importantes representantes da literatura latino-americana do século 20, o autor publicou “As Veias Abertas da América Latina” em 1971. O título, que analisa a história de exploração econômica da América Latina desde a colonização, se transformou em um clássico da literatura política do continente.

Ele esteve no Brasil em 2014, para a 2ª Bienal do Livro e da Literatura, em Brasília. Na ocasião, falou sobre o livro de 1971. “Depois de tantos anos, não me sinto mais ligado a ele. O tempo passou e descobri outras maneiras de me aprofundar na realidade. É uma etapa superada. Se fosse reler o livro hoje cairia desmaiado, não aguentaria”, afirmou o escritor.

O uruguaio foi recebido com entusiasmo pela plateia, que o aplaudiu de pé. “Sinto-me sufocado de tanto carinho”, declarou ele.

Além de “As Veias Abertas da América Latina”, Galeano é autor de “Memória do Fogo” e “Os Filhos dos Dias”, publicados no Brasil pela editora L&PM.

2 ideias sobre “Eduardo Galeano, adeus

  1. Paulo

    “As pulgas sonham em comprar um cão, e os ninguéns com deixar a pobreza, que em algum dia mágico a sorte chova de repente, que chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não chove ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem uma chuvinha cai do céu da boa sorte, por mais que os ninguéns a chamem e mesmo que a mão esquerda coçe, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o ano mudando de vassoura.
    Os ninguéns: os filhos de ninguém, os donos de nada.
    Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e mal pagos:
    Que não são, embora sejam.
    Que não falam idiomas, falam dialetos.
    Que não praticam religiões, praticam superstições.
    Que não fazem arte, fazem artesanato.
    Que não são seres humanos, são recursos humanos.
    Que não têm cultura, têm folclore.
    Que não têm cara, têm braços.
    Que não têm nome, têm número.
    Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais da imprensa local.
    Os ninguéns, que custam menos que a bala que os mata.”
    Eduardo Galeano em “O livros dos abraços”

  2. Oto Lindenbrock Neto

    Grande humanista. A pobre América Latina fica mais pobre de ideias e de humanidades. Infelizmente ainda temos Sarneys. E não temos outros Galeanos.

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