por Bernardo Mello Franco
A resposta que as ruas pediram no domingo não apareceu no palavrório da presidente Dilma Rousseff em Brasília. Veio de Curitiba, com a nova leva de denúncias e prisões da Operação Lava Jato.
Os manifestantes concentraram sua ira no PT. No dia seguinte, a investigação chegou ao coração do partido, com a primeira denúncia formal contra o tesoureiro João Vaccari.
O dirigente petista foi acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Segundo os procuradores, ele abastecia o caixa do partido com repasses do esquema de corrupção na Petrobras.
A operação também atingiu outro homem-chave do PT: o ex-diretor Renato Duque, que representava a sigla no loteamento da estatal. Ele foi preso após enviar 20 milhões de euros para contas secretas em Mônaco, de acordo com o juiz Sergio Moro.
A nova fase da Lava Jato ganhou o nome de Que País É Este em homenagem a Duque, que usou a expressão ao ser preso pela primeira vez.
A frase é atribuída a Renato Russo, mas foi criada pelo ex-governador mineiro Francelino Pereira. Ele também é lembrado por definir a Arena, a sigla que apoiava os militares, como o “maior partido do Ocidente”.
Esse tipo de bravata não costuma dar sorte. A Arena foi extinta cinco anos antes do regime que ajudou a sustentar. Há quatro meses, o ex-presidente Lula se referiu ao PT como “o maior partido de esquerda do mundo, com exceção da China”.
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Em 2007, Luiz Flávio Borges D’Urso despontou como líder do movimento Cansei, uma espécie de precursor dos atos deste domingo. Ele parece ter se cansado. Está de volta à cena como advogado de Vaccari.
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“A corrupção não está no Poder Legislativo. Está no Poder Executivo.” As palavras foram ditas ontem por Eduardo Cunha, um dos 35 legisladores investigados no petrolão.
*Publicado na Folha de S.Paulo