8:52E quem vai?

Sobre o panorama eleitoral atual, o jornalista Elio Gaspari analisa na Folha de S.Paulo a força inabalável de Dilma Rousseff, o trololó de Aécio Neves que o mantém patinando nas pesquisas e a entrada de Marina Silva na disputa, a quem dedica o seguinte arremate:

Tucanos e petistas ganharam uma adversária competitiva. Admita-se que é cedo para que se cobre dela um programa com nexo, sobra um slogan, deixado por Eduardo Campos numa de suas últimas entrevistas: “Não vou desistir do Brasil”. E quem vai? Desde a chegada de Pedro Álvares Cabral, só quem desistiu do Brasil foram os holandeses, em 1654.

Confira a íntegra do texto:

O Datafolha mostrou que nos dias seguintes à morte de Eduardo Campos e ao ressurgimento de Marina Silva, Dilma Rousseff ficou onde estava. Tinha 36% e com 36% ficou. O mesmo aconteceu com Aécio Neves nos seus 20%. Marina incorporou preferências esparsas entre os indecisos e aqueles dispostos a votar em branco ou nulo. Saltou de um patamar de 8% para 21%. Nos próximos meses vai-se saber o que ela tem a apresentar aos eleitores.

Aqui vai um subsídio para o entendimento de parte das razões que mantêm a doutora Dilma na faixa dos 30% enquanto Aécio Neves patina. Na segunda-feira a página do PSDB tinha uma enquete para que seus visitantes respondessem: “Qual das áreas abaixo deve ser prioridade para o próximo presidente da República na sua avaliação?”

Em primeiro lugar veio o tema “segurança” (32%), em segundo, “educação” (30%), e em terceiro, saúde (19%). Feito isso, se o visitante buscasse o que o candidato tem a dizer sobre segurança, teria à disposição um “plano nacional de segurança pública”. Nele estão listadas promessas benignas e genéricas. Horas depois ele anunciou que levaria as UPPs do Rio para outros lugares, incluindo serviços de emprego, saúde educação. Tudo, enfim. Terá tempo para explicar como. Entre duas dezenas de textos e três áudios, nenhum tinha a ver com educação ou saúde. Um anunciava as “Diretrizes da Coligação Muda Brasil”, e lá o candidato revela que protocolou um documento onde menciona o tripé Educação-Saúde-Segurança. Bingo. Lá, informa que a “escola é o equipamento mais importante de uma comunidade”. Quem não sabia disso, tem aí um bom motivo para votar nele. Saúde? Nada.

A maior preocupação da campanha do candidato parece ser a demonização do governo. Outros títulos anunciam: “A recessão vem aí”, “Razões para o pessimismo”, “PT, dá para acreditar?”. A Rádio PSDB oferecia um áudio: “Raimundo Matos condena repasse bilionário ao comunismo cubano pelo programa Mais Médicos”.

Uma pessoa que já decidiu não votar no PT pode achar que a recessão já chegou e que os comissários mentem. A força da doutora Dilma está no bloco do eleitorado que teme um piripaco econômico, não acredita nos comissários e, ainda assim, pretende votar nela. O escândalo do mensalão estourou em 2005. Achar que esse eleitor é um idiota e não soube dele é uma extravagância. O que se precisa entender é por que, apesar do mensalão, ele prefere votar na doutora. A própria página do PSDB informa: segurança, educação e saúde.

Tucano tem uma característica. Quando expõe uma ideia e seu interlocutor discorda, explica de novo, pois ele não deve ter entendido direito.
A força e a fraqueza de Dilma vem daquilo que 12 anos de petismo fizeram em assuntos de segurança (nada), saúde (algo, com o Programa Saúde da Família, uma criação tucana) e educação (algo, sobretudo com o ProUni e a política de cotas). Pode ser pouco, mas é mais do que Aécio apresenta.

Tucanos e petistas ganharam uma adversária competitiva. Admita-se que é cedo para que se cobre dela um programa com nexo, sobra um slogan, deixado por Eduardo Campos numa de suas últimas entrevistas: “Não vou desistir do Brasil”. E quem vai? Desde a chegada de Pedro Álvares Cabral, só quem desistiu do Brasil foram os holandeses, em 1654.

4 ideias sobre “E quem vai?

  1. manuela

    Infelizmente os holandeses deixaram o Brasil,levando o grande Maurício de Nassau (ídolo). Seria outra história,com todo respeito aos portugueses.

  2. antonio

    Faço minhas as palavras da Manuela. Seríamos hoje um outro país. Mas aí vem um dilema: e eu estaria neste país, pois tenho um sanguinho espanhol e português? Seria um belo país, mas pros outros e aí não vale, pois também não vou desistir do Brasil.

  3. sergio silvestre

    Pensando bem temos a esquálida o drogado e a gorda candidatos a presidente.Não seria melhor importar um alemão???????????

  4. antonio carlos

    Concordo totalmente, mas como a nossa legislação eleitoral não permite a importação de candidatos estrangeiros temos que fazer escolhas, a ruim, o péssimo e a incógnita? Em quem perder o voto? No nulo e no branco é que não é.

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