6:57Vem aí o Último Fantasma

fantasma

por Célio Heitor Guimarães

Animem-se, fãs do Espírito-que-Anda, o imortal Fantasma de Lee Falk está voltando à ativa no Brasil! Ausente das bancas de jornais e comic-shops desde 2003, quando a Opera Graphica cancelou a circulação da revista Fantasma Magazin em seu nº 2, o herói das selvas de Bengala está sendo preparado para um retorno em grande estilo.

É certo que nesse intervalo, três edições especiais de elevada qualidade encantaram os velhos adoradores de gibis: O Fantasma Sempre aos Domingos (edição de 2006) e Fantasma – A Biografia Oficial do Primeiro Herói Fantasiado dos Quadrinhos (2007), organizadas por Franco de Rosa, ainda pela Opera Graphica, e a reedição de Fantasma – A Saga do Casamento (2011), da Editorial Kalaco, do mesmo de Rosa. Em 2013 e 2014, a Média Pixel reeditou dois clássicos do herói: Piratas do Céu e O Fantasma vai à Guerra. Mas material inédito desapareceu do mercado nacional de quadrinhos há algum tempo.

Não obstante – como já foi registrado aqui neste blog –, The Phanton continuou em ação, especialmente na Austrália, onde a Frew, a mais antiga editora de O Fantasma, em atividade desde 1948, mantém a publicação de suas aventuras com material distribuído pelo King Feature, mesclado com a produção sofisticada da sueca Egmont.

Nos EUA, a última casa editora do herói mascarado foi a Dynamite Comics, que lançou, em 2010, uma minissérie em 12 edições com uma releitura do personagem, intitulada The Lost Phantom (O Último Fantasma). As histórias foram escritas por Scott Beatty, com desenhos do brasileiro Eduardo Ferigato e de Johnny Desjardim, cores de outro brasileiro, Vinicius Andrade, e capas do excelente Alan Ross.

Pois é exatamente esse material que a brasileira Mythos Editora promete lançar ainda neste mês, em edição de luxo, no formato 17 x 26cm, com 176 páginas, capa dura e distribuição para livrarias e lojas especializadas. O volume será intitulado O Último Fantasma – A Jornada do Espírito.

The Phantom nasceu da genialidade do escritor e produtor teatral norte-americano Lee Falk (na verdade, Leon Harrison Gross, nascido a 28 de abril de 1911, em St. Louis,Missouri, e também criador de Mandrake, o Mágico), que dele cuidou pessoalmente por mais de 60 anos. Foi o personagem favorito da minha meninice. Não tinha poderes especiais, mas impunha respeito. E era, sobretudo, misterioso: habitava a Floresta Negra, na imaginária selva africana de Bengala, em meio aos pigmeus de Bandar; vivia numa caverna com cara de caveira, tinha um cachorro meio-lobo chamado Capeta e um belo cavalo branco batizado de Herói. Era temido e respeitado pelos selvagens e pelos bandidos. Usava dois anéis, um em cada mão: o da caveira, que marcava o rosto dos malfeitores; e o da paz, cuja esfinge representava proteção. E era imortal, tinha mais de 400 anos de idade!…

Na família dos Fantasmas, a missão passa de pai para filho. Conta a lenda que um lorde inglês viajava com a família para a Índia quando o navio é atacado, nas costas de Bengala, por um bando de piratas. Seu filho, o jovem Chistopher Stand, assiste ao massacre, mas consegue salvar-se chegando à praia a nado. Ali, encontra o esqueleto de um pirata e jura consagrar a sua vida na luta contra o crime, a pirataria e a injustiça. Um juramento solene, que Chris faz à luz de tochas, com a mão estendida sobre o crânio do bandido, e que seria repetido posteriormente por todos os seus descendentes até os dias de hoje.

O Fantasma, como se sabe, está na 21ª geração. O 21º foi o último da linhagem, e o seu herdeiro, Kitdrige Walker Jr. – na minissérie da Dynamite –, simplesmente se recusa a vestir a malha do Espírito-que-Anda. Prefere seguir a vida como um homem comum, presidindo a Fundação Wakabout, empresa filantrópica criada pela família Walker. O problema é que uma organização rival pretende acabar com a Wakabout. Uma emboscada é armada e o avião de Kit Walker Jr. cai sobre a floresta. Ele é tido como morto por todos, inclusive pelo inimigo. O pior é que, quando retorna à fazenda em que morava, encontra tudo em chamas e sua família morta. A vingança se faz necessária. E o que estava predestinado se torna inevitável. Kit Jr. vale-se de um scarf de zebra de sua falecida mulher, banha-se de suco de frutas vermelhas e sangue, transforma o rosto em algo parecido com uma caveira, veste um par de botas, afivela o cinto com dois coldres para pistolas e coloca dois anéis nos dedos. Nasce, assim, o 22º Fantasma.

Vejamos o que mais o destino lhe reserva.

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