por Cláudio Henrique de Castro
A relativização de tudo também está afetando o direito.
Tudo pode ser, tudo é permitido e o impossível e impensável acontece.
As palavras não têm mais valor, os fatos não são verdadeiros e as verdades são relativizadas.
A era do absurdo bate às portas do Direito.
É verdade que um magistrado fez uma audiência jogando golfe?
Uma concreta tentativa de Golpe de Estado foi relativizada e chamada de simples manifestação, com velhinhas, de bíblias, num grande piquenique?
A ditadura militar que assolou o país por 21 anos é conceituada como Revolução pacífica e ordeira?
Uma pasta de dentes que causa irritação na boca das pessoas é tirada de circulação pela Anvisa, mas em seguida é permitida sua venda novamente?
Um hambúrguer de Picanha que não tem picanha, mas em letras pequeninas consta “sabor de picanha”?
O leite condensado que não é composto de leite, mas de um suco lácteo, sabe-se lá o que seja isso?
O trabalhador agora virou pessoa jurídica, recolhe impostos, manda no seu nariz, mas deve obediência ao seu patrão, deve cumprir horários e tudo mais?
O Sindicato das Instituições de Ensino Superior agora quer retirar os direitos da convenção coletiva consolidados há mais de 30 anos, e pensa que está correto, todo ano aumentando as mensalidades em índice muito maior aos minguados reajustes dos docentes?
As emendas parlamentares secretas passam de 200 bilhões, sem nenhuma prestação de contas ou transparência da destinação dos seus destinatários?
Comemora-se a Constituição de 1988, mas será que quando a extrema direita tomar a maioria do Senado Federal fará picadinho dos direitos fundamentais?
Que mundo é este, onde os direitos não valem mais nada e estão mergulhando no fundo do poço?
Brilhante a reflexão de Cláudio Henrique de Castro, indagações contundentes destes dias assombrosos. Temor para uns, festa para outros esta realidade ambígua, este fio de navalha, esta direção que leva ao abismo. Belo artigo sobre o horror.
Obrigado grande Zeca, vou guardar na gaveta da cabeceira sua comentário, honrado.
Atenção
O chocolate não é chocolate,
O leite condensado não é leite, mas …
Do migalhas
“ Errata: Na primeira versão da reportagem, constou erroneamente que o magistrado presidia a audiência. Entretanto, apurou-se posteriormente que, na verdade, ele era o autor do feito”