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por Carlos Castelo

AQUIRAZ – CE

Levei meu filho para conhecer o Beach Park.
O garoto devia ter uns 12 anos. Ele não via a hora de descer os toboáguas, e eu, de apreciar uma bela e fresca lagosta do Ceará.
Falei tanto disso que ninguém aguentava mais ouvir.
Quando entramos em Aquiraz, vi um restaurante especializado no crustáceo.
Seria ali o almoço. Pedi uma grelhada com arroz de camarões.
Após alguns minutos, o garçom chegou à mesa e pousou o prato na minha frente.
Se este texto fosse um filme, agora teríamos um corte brusco.
A câmera mostraria o chef conferindo algumas lagostas na pia.
De repente, ele percebe algo errado. Sai correndo, esbaforido, em direção ao salão. Câmera lenta.
Corta para mim. Levo um pedaço do crustáceo à boca, sorridente. O chef segue correndo por um corredor, suando.
Vou enfiar um naco na boca.
A porta da cozinha se abre com violência.
Adentra o chef no recinto lotado de comensais.
A câmera volta à rotação normal. Com forte sotaque local, ele me vê e berra:
— Rapaz, não coma não! Essa lagosta tá PÔDI…
Desde então, nunca mais botei um decápode marinho na boca.

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