por Mário Montanha Teixeira Filho
Os jornais não existem mais,
nem as fichas de telefone,
nem os telefones nas ruas,
nem as ruas cheias de poesia,
nem a poesia feita de saudade,
nem a saudade.
Não existem mais os blocos de recado,
nem recados a dar,
nem declarações aflitas
em cartas de amor,
nem a dor apaixonada,
nem a palavra dita.
Os bares não existem mais,
não os de portas abertas,
sem hora nem segredo,
não os de cara lavada,
mesas improvisadas
e guardanapos borrados
pela mão boêmia do artista.
Não existem mais os mares
livres da ganância,
nem os peixes
livres da sujeira,
nem os barcos românticos,
nem a lua vista de um farol,
nem o pôr do sol
sobre a cidade.
Não existe mais humanidade,
não existe mais descanso
(tudo é brevidade),
não existe mais paixão.