18:14O contato

de Mário Montanha Teixeira Filho

É de manhã. Estou sentado no tronco de uma árvore, na areia branca, em frente ao mar do Nordeste brasileiro, num dia qualquer dos primeiros anos da década de vinte do século vinte e um. A peste que matou tanta gente dá sinais de recuo, e eu penso, sem muita convicção, que finalmente poderemos retomar velhos hábitos, a proximidade dos corpos, o abraço esquecido numa curva sombria. Fico a admirar a água límpida que ganha cores novas a todo instante, e deixo a maresia me envolver enquanto meu pensamento viaja numa reflexão sem fim. Permaneço descontraído, e meu rosto acusa que o vento suave muda subitamente de direção. No ambiente rodeado de coqueiros, dá para perceber que muitos peixes e muitas algas estão por perto, nos seus nichos, como deve ser. 

Vejo um vulto que se aproxima. Camisa aberta no peito, pés descalços, chapéu sobre a cabeça e calça de algodão, ou linho cru, não sei bem, dobrada um pouco abaixo dos joelhos, a figura, um jangadeiro típico – ou o modelo fabricado pela minha imaginação afetada pela exuberância da paisagem marítima –, estaciona na minha frente. Cumprimentamo-nos. Ele se agacha e me pergunta, como se pergunta a um estrangeiro, se eu já estive na região antes, se conheço o vilarejo habitado pelos pescadores. Digo que não, que cheguei no dia anterior, vindo do frio do Sul, que pretendo explorar com calma a paisagem, contemplar a sua beleza, renovar meu espírito antes do retorno à pousada. Os olhos do meu interlocutor, de um verde claro emoldurado pela pele preta, se fecham vagamente, entre desconfiados e surpresos. “Pousada?” – a indagação é seguida de um sorriso de canto de boca, e a brancura dos seus dentes revela uma cumplicidade inesperada. 

Na tentativa de explicar, giro o corpo para a direita, em busca do hotel onde me instalei. Percebo, então, que devo ter andado mais do que pensava. Não há sinal da pousada, apenas coqueiros cercados de uma vegetação mais densa do que eu havia notado no início do caminho. Meu abrigo deveria estar ali, constato com preocupação, incomodado com a dificuldade crônica que tenho em gravar os espaços, saber onde estou e para onde vou. A angústia, porém, logo desaparece. Distraído, terei marchado em linha reta, acompanhando a orla, mas o certo é que o trajeto da volta tem que ser o mesmo da vinda. Não há por que me assustar.

Observo o pescador, que se acomoda na areia, nós dois de frente um para o outro, e recebo convite para uma reunião que acontecerá na vila, no início da noite. Ele saca do bolso da calça um caderno de anotações, rabisca algumas palavras, improvisa um mapa, destaca e me entrega o pedaço de papel que explica como chegar lá. Não é longe. Devo seguir uma trilha que começa bem atrás de onde estou, que vai dar numa rua estreita, e caminhar cinquenta metros, mais ou menos. Logo verei a agitação dos camaradas convocados para o encontro. É só chegar, eles saberão da minha presença. Em seguida, começa a discursar sobre a organização dos jangadeiros, a precariedade das condições do seu ofício, a falta de direitos, a exploração dos donos das barcas, que se apropriam da maior parte do produto da pesca, e a miséria que atinge os velhos, condenados a sobreviver de favores quando seus corpos não suportam mais a dureza do cotidiano. Fala das aposentadorias inexistentes, dos heróis cearenses que rasgaram o Atlântico até chegar ao Rio de Janeiro, a capital do Brasil em 1941, para denunciar as dificuldades que enfrentavam, da resposta vazia que lhes deu Getúlio Vargas, que baixou um decreto, que nunca foi cumprido, que concederia ao pessoal um pouco de segurança trabalhista. E constata: nada de importante aconteceu desde então, as carências continuam as mesmas, e será sempre assim se não for feito algo que venha dos próprios pescadores, eles e os seus sonhos, eles e o seu conhecimento da natureza. Volta à saga do Dragão do Mar, da insurreição que abalou o sistema escravista, questiona a origem do dinheiro que move os poderosos e teoriza sobre luta de classe, golpe militar, resistência e guerrilhas. Diz estar cansado de apertos de mão, promessas e mentiras, cita Orson Welles, lamenta o assassinato frio de Che Guevara na Bolívia, faz um balanço da revolução cubana, passa por Régis Debray, Camilo Cienfuegos, Lumumba, Cassius Clay, Malcon X, João Cândido, Gregório Bezerra, Miguel Arraes e Franciso Julião, e amaldiçoa a rainha da Inglaterra, homenageada com pompa e circunstância por autoridades brasileiras – os milicos sanguinários, repete muitas vezes –, no final de 1968, enquanto o resto do mundo enfrentava a ressaca do Maio de Paris. 

Fico impressionado com tanta informação, com a voz coerente e lúcida de um jovem convencido da necessidade de lutar por uma causa. As frases firmes que meus ouvidos acolhem com simpatia remetem a fatos alheios à contemporaneidade. Surpreende-me o conteúdo político de tudo aquilo, a força enorme que dá atualidade às conclusões do orador apaixonado. Fecho os olhos e retorno brevemente ao passado. Sinto o ar da minha cidade provinciana, o cheiro do mato depois da chuva, admiro as ruas calmas e sem asfalto, os carros coloridos, os traços suaves das construções e a multidão que caminha sem pressa. Sigo assim e me pergunto o que foi feito do tempo, o tempo que não se deixou morrer e que se exibe agora, no corpo e na alma de um poeta extemporâneo e lindo, o pescador de sinceridade inspiradora. Existe uma sobra de esperança, que me anima, chego à conclusão.

Meu amigo se aproxima, a me presentear com um sorriso largo. Quando penso que não temos mais nada a dizer um ao outro, quando me preparo, antes da despedida, para confirmar que irei à assembleia noturna, ele se antecipa: “Aguardo você na vila, na direção que lhe dei. Por enquanto, seguimos assim. Olhe bem para esta paisagem, ela não estará aqui amanhã. Pegue o retrato do agora, seja o que for, o que o agora represente. Existe outra questão, que vai além da pauta de daqui a pouco. É o turismo, meu caro, o turismo predador, que consome tudo, que estraga tudo. O horror capitalista e suas indústrias, e seu lucro. A nós, resta sobreviver”. Concordo com aquelas impressões, que me soam desarranjadas, eu mesmo um turista isolado no paraíso, e observo o aceno do pescador. Ele toma a direção oposta ao endereço da minha hospedagem, e meus olhos se fixam no corpo que se afasta até virar um ponto muito distante, até desaparecer. 

Continuo imóvel, sem vontade de ir embora. De novo, o vento lambe a minha cara, desta vez um pouco mais pesado, e o cheiro que vem do mar perde o frescor que acompanhou a primeira lufada. Sentado no tronco, meu conforto improvisado, sou expectador das ondas e das águas azuis e quentes. Gosto de estar ali, posso me manter muitas horas na mesma posição, contemplante, mas meu descanso é interrompido. Um pouco além, à minha esquerda, por onde se foi o pescador, noto uma aglomeração. Vou até lá. São pessoas que cercam uma tartaruga, enorme para o imaginário de um ser urbano como eu, largada na praia por um vendedor de passeios náuticos a turistas aventureiros. O bicho, me explicam, boiava perto da praia, ferido e sem forças para nadar, e atrapalhava o trânsito, na contramão, e ameaçava o comércio do dono da lancha. Por esse motivo torpe foi abandonado. Faz-se um esforço de salvação, alguns curiosos que tiram fotos com seus celulares tentam contato com ambientalistas, a tartaruga apresenta um tumor gigantesco numa das nadadeiras da frente, está fraca, não pode ser devolvida ao mar e não se sabe por quanto tempo suportará a hostilidade do chão de areia sob o sol escaldante. É preciso uma remoção urgente. 

Alguém aponta para uma barraca verde de madeira, um bar onde se reúnem moradores locais. Talvez eles saibam como conseguir auxílio mais rápido. Viro-me. Lá está a barraca, sombreada por coqueiros, à beira-mar. Um pouco mais adiante, o meu hotel, o que eu não tinha visto momentos antes, quando conversava com o pescador. Sinto o corpo amortecido, um pensamento obscuro confunde os meus passos, mas me disponho a ir atrás do socorro necessário. Durante o percurso, voltam lembranças antigas: a infância, o cheiro da bola de couro a rolar no chão batido, a gritaria de crianças sobreposta ao ronco de caminhões que manobram num terreno baldio, carros interceptados por policiais que revistam tudo, com armas pesadas nas mãos, alunos de escolas básicas perfilados diante de militares e seus uniformes salpicados de condecorações, o som de “Soy loco por ti, America”, o tempo que passa, transportado por uma carruagem e seus cavalos de cabelos pretos e brilhantes, o medo – e aquela mesma praia carregada de mais coqueiros do que agora. 

Chego ao bar. Encontro três frequentadores que trocam ideias sobre qualquer coisa, e descrevo o que acontece mais adiante, na praia. Os palpites são superficiais e inúteis. Um deles quer devolver a tartaruga ao mar, outro garante que o animal sobrevive fora da água por até uma semana, outro sugere que ela já está morta. Enquanto isso, um velho entra pela lateral da barraca, vai até o balcão, onde está uma garrafa de aguardente e um copo vazio, serve-se lentamente e se acomoda num canto. Apenas escuta a conversa. Preparo-me, então, para voltar à cena do crime, desanimado, mas o velho me segura pelo braço. Com voz cansada e a cabeça baixa, aparentando enxergar pouco, ele diz: “Uma camioneta está chegando, e vai levar a tartaruga até a capital. A viagem dura três horas, mais ou menos”. Faz uma pausa e continua: “Eles não vão conseguir salvar. O tumor na nadadeira virou coisa comum por aqui. É poluição, óleo, desequilíbrio, sujeira. O que poderia ser feito já foi. O pessoal agiu rápido. Só que o bicho está condenado a morrer, não tem jeito”. Ouço a informação, que me inspira confiança, estendo a mão para agradecer e um frio me percorre a espinha. Sei o que vem pela frente. O velho levanta o rosto, de modo a retribuir a gentileza. Seus olhos alcançam os meus. São eles, os olhos vivos e verdes em contraste com a pele negra enrugada pelo tempo e pelo sol. A cena familiar se encerra com a frase esperada: “Isso é o turismo. E a indústria do turismo é predatória, eu sempre digo”. Não me ocorre nada, a não ser balbuciar, em tom de concordância: “Sim, eu me lembro”. Em seguida, ele faz um gesto de gratidão, sem que eu entenda o porquê, e me diz: “Obrigado, muito obrigado”. O recado simples, profundo e vulgar me provoca um torpor esquisito. Saio e tenho a impressão de me ver, eu mesmo, indo embora, trôpego. 

De volta à praia, acompanho o desenlace da remoção da tartaruga, ouço vozes que dizem frases incompreensíveis e me convenço, inspirado no velho, de que nada mais poderá ser feito. Escolho, então, o rumo da pousada, onde me espera uma garrafa de cerveja. É noite. Pego o papel amarrotado que o pescador me deu, uma folha nova e branca amarelecida subitamente, como truque de grileiro de terra, bordas picotadas pela umidade, e observo o mapa. As instruções quase apagadas pelo tempo que eu desconheço, perdido que estou entre o passado e o presente, me fazem seguir até a vila, ou ao centrinho, como se diz hoje em dia. Pego a rua que me leva a um terreno vazio, de esquina, o mato a tomar conta de tudo. É o endereço da reunião. Não tem nada ali, nenhum prédio, nenhuma agitação, nenhum pescador, nenhuma assembleia. Espero mais um pouco, agarrado à ideia de que aquele cenário possa se modificar a qualquer momento, como se o bilhete que eu carrego apontasse a solução do conflito que me perturba. 

Desisto. Uma placa na casa vizinha anuncia o melhor caldo de peixe da cidade e a excelência da cachaça regional – não tenho certeza, mas creio já ter lido ou ouvido falar sobre essa iguaria, elaborada conforme uma tradição que vem do século dezenove. Entro e sou atendido por uma morena sorridente, ainda jovem, acolhedora e falante. Ela me oferece um trago e faz perguntas protocolares sobre a minha viagem. Enquanto alimento a conversa, penso em tocar no assunto que me move: a organização dos pescadores, os seus líderes e o seu destino. Contenho o impulso, todavia. A anfitriã é muito nova, e não terá o que falar sobre as dúvidas acumuladas na minha cabeça desde o início do dia. É provável que não saiba de nada. Na hipótese remota de saber, será legítimo se preferir o silêncio, se não quiser remoer mágoas antigas, decepções, temores que o tempo, sempre ele, guardou. “Melhor deixar de lado a minha obsessão”, decido enquanto mais uma dose me é servida. Sigo relaxado, preparando-me para o caldo de peixe famoso, mas adio o pedido várias vezes, à espera de uma revelação espontânea que não virá. Encorajado pela hospitalidade e pelo álcool, mudo de tática e arrisco, como se quisesse resolver uma dúvida despretensiosa: “Está programada alguma reunião de jangadeiros hoje à noite, aqui no centro?” – a pergunta fica no ar por alguns segundos longos e angustiantes.

O suspense é quebrado pelo alívio de Nara – é assim que se chama a mulher gentil que me recebe –, que diz estar à minha espera, mesmo sem eu ter notado, e que estranhou o tempo excessivo que levei até fazer referência ao meu encontro com o pescador. Não imagino como ela sabe do ocorrido, uma situação que eu ainda não assimilei bem, uma experiência que guardo só para mim. “Você veio para uma reunião que não aconteceu em 1969”, começa a falar. Mas o tom enigmático se desfaz aos poucos: “O seu amigo pescador é o Chico Jangadeiro, uma figura tradicional daqui. Ele me avisou, agora à tarde, que você viria, então posso dizer o que queira saber”. Permaneço com expressão de espanto, e Nara prossegue: “Olhe, meu senhor, você fechou um ciclo, completou o grande vazio que estava maltratando aquele homem. A assembleia não aconteceu porque os milicos vieram com força, cheios de armas, animados pela nova lei, e queimaram a sede antiga, destruíram tudo”. Conforme o relato avança, consigo juntar as peças da história perdida. O Chico vem de uma família de jangadeiros, é irmão mais velho do pai de Nara, também pescador, que se mudou para Recife depois da crise. Seu nome de batismo, Francisco José da Silva, é uma homenagem ao Dragão do Mar, Francisco José do Nascimento. A escolha parece ter sido acertada. Desde pequeno, o menino esbanjava liderança. Foi alfabetizado por religiosos numa comunidade de base, época em que estudou temas políticos e conheceu trabalhadores mais experientes. Em pouco tempo, a resistência comandada por ele ganhou prestígio entre os jangadeiros. Junto com as lutas, o grupo enfrentou o ódio dos donos do poder e suas polícias, e seus tribunais. Estava decretado que as coisas continuariam a ser como sempre foram, e aqueles trabalhadores de pés descalços, sob o sol e a chuva, deveriam saber disso, aceitar os limites que os códigos naturais lhes impõem.

Manhã de janeiro de 1969, “um dia qualquer”. O ato institucional de 13 de dezembro do ano anterior – a nova lei, na descrição de Nara – afirma a ditadura, dá-lhe contornos terríveis. O regime endurece. Francisco espera um contato que vem de São Paulo ou Minas Gerais, disfarçado de turista, barraca nas costas, equipamento para dormir na beira da praia. O contato não aparece na hora marcada. Nervoso, o pescador circula pela área, olha para os lados, à procura de um sinal. Passa algum tempo nesse vaivém desesperador, até concluir que está sozinho, presa fácil da repressão. Corre até o vilarejo, mas é capturado no caminho. Agentes policiais o jogam num camburão, rodam com ele por mais de quatro horas e, numa parada rápida, interditam a sede do movimento, que depois será destruída por um incêndio. Francisco é largado num presídio militar, seus companheiros também são perseguidos e retirados de circulação. Há tortura, processos kafkianos antecipam punições implacáveis, e o contato está morto. Jangadeiros se recolhem, em silêncio, mas a pesca não se interrompe, a economia gira, o turismo se veste de progresso e o horror sufoca a rebeldia. É a paz imposta pela norma, o legalismo fardado. 

Francisco retorna ao o vilarejo muitos anos depois. Fala pouco e não se envolve com política, não quer saber de reuniões e apaga da memória o sofrimento da vida sem liberdade. Mora numa casa perto do restaurante de Nara, sozinho, e passa a frequentar a bodega, a barraca verde de madeira, onde novas amizades lhe garantem refeições diárias e uma cota de aguardente. Abandona os hábitos de antes do cárcere. Mesmo assim, velho militante, se aproxima de biólogos empenhados em preservar a fauna marítima, e lhes dá conselhos. Mantém a convicção de que é preciso acabar com o turismo predatório, causa maior do desequilíbrio que ameaça a natureza. E cumpre, desde a volta, um ritual que poucos compreendem: todo o mês de janeiro, num dia específico, o “dia qualquer”, consome as horas sentado na areia da praia, sempre no mesmo lugar, à espera de uma mensagem, do contato capturado e morto pelos gorilas, como se fosse possível dominar o tempo e reconstruir a história. Espera alguém, a pessoa que receberá um bilhete, uma orientação importante para que o inimigo seja vencido e o estandarte da revolução percorra todos os cantos e reúna todas as gentes. “Eis o sonho que não morre”, penso comigo, e me questiono se terei sido, de fato, o destinatário da mensagem, se é lícito que eu faça parte daquele enredo excêntrico, de uma época que não me pertence. Sem dizer nada, miro os objetos acomodados atrás do balcão, feito acervo de museu de pesca, e o caldo de peixe finalmente é posto à mesa, apetitoso e aromático. Sirvo-me com avidez, depois de lembrar a mim mesmo que ainda estou sem comer. Mais um gole, e me concentro em coisas que eu sei que existem: o alimento saboroso, as cadeiras, as louças e as toalhas. O que dizer do resto, das palavras dispersas numa região imprecisa do tempo, do vulto que desapareceu e me reencontrou logo depois, ferido pelo medo e pela dor? Não tenho solução para tanta dúvida, mas meus dedos tocam o papel envelhecido que trago comigo, a ponte entre o que foi e o que é, e chego à conclusão de que o impossível não passa de uma dimensão da realidade marcada pelo inusitado. Lamento, apenas, por ter chegado com tanto atraso à reunião que não aconteceu em 1969, incapaz de evitar a tragédia anunciada. E pela tartaruga, que não resistiu à violência do homem.  

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