de Carlos Castelo
§ São Paulo é a aniversariante de hoje. Uma capital que insiste em crescer, sem controle, como um grupo de parentes chegando sem avisar no churrasco. Com seus 471 anos, ela acumula história, arranha-céus e buracos no asfalto em igual medida. Uma metrópole que começou com um punhado de jesuítas e índios desconfiados e se transformou em uma máquina de moer gente, em uma cidade que nunca dorme, porque o barulho do trânsito não deixa.
Se existe uma palavra que define São Paulo é pressa. Aqui tudo é urgente – exceto os serviços públicos.
O paulistano médio vive olhando para o horizonte, correndo atrás de um futuro glorioso que nunca chega, como se estivesse em uma eterna corrida de Uber com o motorista perdido na periferia.
Mas nada define melhor a cidade do que seu fascínio pela gastronomia. Se há algo comestível no planeta, pode ter certeza de que alguém já abriu um food truck dele na Vila Madalena. Desde pizzas de estrogonofe até sushi vegano de couve-flor.
Os restaurantes paulistanos também têm uma característica única: a comida tem aroma de saldo negativo.
O tráfego de São Paulo é uma experiência sensorial, que mistura desespero existencial e a sensação de que talvez você devesse ter ido de metrô – mas só se for a Linha Amarela, porque as outras são uma roleta russa de lotação e ar condicionado quebrado.
E como esquecer o clima paulistano, essa entidade caprichosa que alterna entre calor de fritar ovo na calçada e chuvas bíblicas que transformam avenidas em rios navegáveis?
Apesar de tudo, São Paulo é vibrante. Orra, meu, se é! É um caldeirão onde engravatados dividem a calçada com vendedores de yakisoba, onde cada esquina parece ter uma surpresa – geralmente desagradável.
Então, parabéns, à cidade que nunca para, nunca desiste e, acima de tudo, nunca devolve o troco certo.