por Arnaldo Correia
22 de Janeiro de 1971
Nesta madrugada, o corpo de Rubens Paiva, esquartejado, foi enterrado na Restinga de Marambaia, praia carioca pertencente à Marinha do Brasil. Ainda de manhã, a filha Eliana era liberada da prisão.
Na noite do dia 22, os telejornais do Rio exibiram reportagem que Rubens Paiva fora “sequestrado por guerrilheiros quando era transferido de prisão”. A imagem de um carro da Polícia do Exército, metralhado e incendiado “pelos guerrilheiros”, foi mostrada na TV. Eunice Paiva não soube da notícia porque ficou presa numa cela, incomunicável, por doze dias.
Em agosto de 1995, o escritor Antonio Callado escreveu no jornal Folha de S. Paulo que Rubens Paiva era um dos homens mais simpáticos e risonhos que conhecera.
Em 1996, a Justiça concedeu o atestado de óbito de Rubens Paiva, a partir da Lei dos Desaparecidos. Em 2014, os militares José Antônio Nogueira Belham, Rubens Paim Sampaio, Raymundo Ronaldo Campos, Jurandyr Ochsendorf e Souza e Jacy Ochsendorf e Souza foram indiciados pelo assassinato de Rubens Paiva.
A defesa dos militares sustenta que a Lei da Anistia perdoa crimes de militares e guerrilheiros durante a ditadura. O Ministério Público Federal afirma que foi um crime contra a humanidade, por isso a Lei da Anistia não se aplica. O caso está parado no STF há mais de 10 anos.
O corpo de Rubens Paiva nunca foi encontrado. O engenheiro de 41 anos, piloto de avião, marido de Eunice, simpático e risonho, que chamava os filhos de Cacareco, Cuchimbas, Veroca, Lambancinha e Babiu, apanhou até morrer porque, talvez, estaria repassando cartas de uma guerrilha que nunca aconteceu.