Do G1
David Lynch, diretor lendário de ‘Cidade dos sonhos’ e ‘Twin Peaks’, morre aos 78 anos
Americano recebeu quatro indicações ao Oscar e era conhecido por obras sombrias e surrealistas. Ele revelou ter enfisema pulmonar em 2024.
David Lynch, diretor lendário de filmes como “Cidade dos sonhos” (2002) e da série “Twin Peaks”, morreu aos 78 anos. Conhecido por histórias surrealistas e sombrias, o cineasta recebeu quatro indicações ao Oscar ao longo da carreira.
A causa da morte não foi divulgada, mas ele revelou em 2024 ter sido diagnosticado com enfisema pulmonar após anos como fumante — doença que o impediria de continuar a dirigir produções presencialmente.
“Há um grande vazio no mundo agora que ele não está mais conosco”, escreveu a família de Lynch, no Facebook.
“Mas, como ele diria, ‘fiquem de olho na rosquinha, e não no buraco’. É um dia lindo com raios de sol dourados e céus todos azuis.”
Depois de considerar seguir carreira como pintor na juventude, ofício que chegou a estudar, passou a se dedicar à realização de curtas.
Em 1977, ficou conhecido logo com seu primeiro longa-metragem, o independente “Eraserhead”, que se tornou cult com os anos.
O reconhecimento veio rápido e ele foi contratado para escrever e dirigir “O homem elefante” (1980). A história estrelada por John Hurt e Anthony Hopkins sobre vida de um homem desfigurado recebeu oito indicações ao Oscar — incluindo as de roteiro adaptado e direção para Lynch.
Em 2008, ele veio ao Brasil pela primeira vez, para divulgar seu livro “Em águas profundas – criatividade e meditação”.
“Um artista não precisa sofrer para mostrar sofrimento, ele só tem que entender o sofrimento. A intuição é o principal instrumento de um artista. Sou uma pessoa feliz por dentro, mas minhas histórias refletem o mundo real, e vivemos num mundo negativo”, disse o diretor, que começou a se dedicar à meditação desde os anos 70. Ele atribuía a ela as ideias que deram origem a seus filmes.
“É uma técnica mental que ajuda a criatividade e abre a porta para um nível de vida mais profundo, o infinito, sem limites”, disse ele, sobre a meditação transcendental. “Você pratica um mantra, que te coloca na base entre a matéria e a mente. De repente, tudo se expande e a vida fica muito boa.”
Lynch contou que essa filosofia estava presente nos bastidores de todas as suas filmagens. “Gosto de trabalhar num set feliz, como uma família. Acho que o set tem que ser um lugar seguro para o ator, onde ele possa se aprofundar. Acho que o medo e pressão prejudicam a criatividade e, consequentemente, prejudicam o trabalho.”