6:582025 chegou. E agora?

por Célio Heitor Guimarães

No planalto curitibano, a cidade amanheceu como de costume: sol caliente entre nuvens. Mas estava vazia, respirável, civilizada, uma delícia. Até uma fresca brisa chegou da serra. Oxalá os veranistas esticassem o veraneio até abril! E aí Curitiba seria o melhor lugar do mundo. Para viver, trabalhar, filosofar, amar, devanear, vagabundear. Sem carros, sem ônibus, sem políticos, sem barulho, sem fumaça, sem administradores públicos, sem autoridades ditando ordens e proibições, sem coletores de impostos, sem stress. Um paraíso. Lindo, firme e feliz. Aproveitemos enquanto for possível.

Já o novo ano prenuncia o de sempre: desgraças, inundações, desmoronamentos, mortes, irresponsáveis ao volante ou de arma na mão, vítimas inocentes. Bebida, muita bebida! Jogo, muitas apostas! E muita ilusão. Tudo efêmero, passageiro. E triste.

2025 é uma incógnita. Sabe-se que, em janeiro, seis planetas se alinharão: Marte, Júpiter, Vênus, Saturno e Urano, aos quais se juntará, posteriormente, Mercúrio. Isso poderá ser tudo, como poderá não ser nada. Como todos os inícios de ano, os videntes anunciam uma penca de acontecimentos, inclusive o fim do mundo.

Há quem diga, porém, que o fim não será do mundo, mas de um ciclo de vida – que já está acontecendo. Até porque acontecimentos escabrosos já estão aí há muito tempo. Sobretudo na política nacional. Tempestades, terremotos, tsunamis, vendavais e queimadas também. Há ainda que chover muito para lavar os pecados do mundo.

Agora, que uma mudança se faz necessária, isso faz. Tem muita gente no mundo, muita miséria, muita desigualdade social e econômica, muita ganância, muita esperteza, muito desamor. Bem que o Criador poderia aproveitar a oportunidade aberta pelo novo ano e transferir essa gente esperta, gananciosa e canalha para outros mundos. Aqueles no ciclo inicial de vida, em meio aos dinossauros, pterossáuros e outros auros. E aí nunca na história deste mundo se viveria tão feliz.

Sou um tolo sonhador, bem sei. Mas gostaria de viver – ainda que por pouco tempo – em um mundo mais decente, mais igual, mais fraterno, sem horários, sem regras e sem rotinas, sem militares e sem armas de destruição, sem preconceitos e sem dogmas religiosos, onde o dar significasse mais do que o ter ou o receber, onde se vivesse em paz com a flora e com a fauna, onde se cultuasse as flores, os riachos de águas frescas, as cachoeiras, as trilhas no meio da mata, as montanhas, as auroras, os pores-do-sol, onde se adorasse apenas as pequenas coisas, como um sorriso, o sono de uma criança, a gota de orvalho, um raio de sol, a cambalhota do tiziu. E se fosse preciso sofrer, que se sofresse junto o sofrimento de todos. A isso se chamaria vida. E, aí sim, poderíamos nos chamar de seres humanos. Sem a necessidade de templos ou altares porque Deus estaria misturado com todas as coisas.

Por enquanto, o que temos é um mundo criado pelo homem branco com seus rifles, suas bombas, seus negócios, suas ambições e sua profunda solidão. Um grande deserto deixado pelo progresso, à espera da inteligência artificial. Nele não há lugar para fantasias nem para sonhos e milagres.

Muda, mundo!

3 ideias sobre “2025 chegou. E agora?

  1. José.

    Ah, apenas uma curiosidade: quem criou os primeiros explosivos e armas de fogo foram os chineses, acho que lá pelo século VII e levou mais uns três ou quatro séculos para esta invenção chegar ao ocidente.

  2. Zoio

    A natureza humana é maquiavélica. Portugal na época do descobrimento aplicou a teoria de mandar para o mundo novo as escórias da sociedade e, assim, formou se o Brasil. Éramos uma terra pura, sem maldade, ganância, porém,tudo foi corrompido, violado. Hoje assistimos o resultado nu e cru da exploração exacerbada, um povo que luta diariamente para sobreviver, materializado neste mundo caótico, corrupto, sobretudo, predominante na política podre e exploratório nas entranhas do poder.
    Tudo é planejado para manterem o espírito do executar, legislar, ordenar e o resto obedecer.

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