15:05Dalton, o concurso e a entrevista

Por Walter Schmidt*

O renomado escritor Dalton Trevisan, que morreu em Curitiba na última segunda-feira aos 99 anos, venceu o I Concurso Nacional de Contos, promovido pelo então Governo Paulo Pimentel. O evento foi realizado pela Fundepar, que funcionava na Rua Marechal Deodoro, e seu superintendente era Cândido Manoel Martins de Oliveira. Era junho de 1968. O concurso teve 1.219 contos inscritos.
Dalton concorreu com três contos: “O senhor marido”. “Trinta e sete noites de paixão” e “O esfolado vivo”. Ele se inscreveu sob o pseudônimo João Maria. O prêmio, de 12 mil cruzeiros novos, foi entregue pelo governador Pimentel, no enceramento do I Seminário Nacional de Literatura, realizado no Palácio Iguaçu.
Como repórter da Gazeta do Povo, fiz toda a cobertura jornalística do concurso, desde o seu lançamento até a premiação, incluindo uma viagem ao Rio de Janeiro e São Paulo para acompanhar a entrega dos originais aos jurados, entre eles Rubem Braga, Léo Gilson Ribeiro e Fausto Cunha. Os jurados de Curitiba eram o ex-governador Bento Munhoz da Rocha Netto e o professor e crítico de arte Temístocles Linhares.
Tive o privilégio de entrevistar Dalton Trevisan na sede da Fundepar no dia do anúncio do vencedor do concurso. O escritor disse que havia recebido a notícia com surpresa: “Tenho agora 12 mil novas razões de alegria. Eu realmente não esperava ser premiado. Foi uma surpresa porque o Brasil possui bons contistas e, em tão grande número de concorrentes, não esperava ser eu o vencedor”.
Na época, Dalton já tinha a fama de ser uma pessoa reclusa e o questionei sobre isso. Sua resposta ficou famosa: “tanto não é difícil alguém me encontrar que eu esbarro comigo diariamente em todas as esquinas de Curitiba”.
No fim da entrevista, Dalton Trevisan declarou que trabalhava numa cerâmica (de propriedade de sua família), que era casado, “bem casado”, e que tinha duas filhas que “gostariam muito de ler o nome delas no jornal: Rosana e Isabel”.

*Walter Schmidt é jornalista.

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