15:15Sala de aula: última fronteira da resistência

Assim veio:

Quando o Sindicato dos Professores do Ensino Superior de Curitiba e Região Metropolitana – SINPES empossou sua nova diretoria divulgou os compromissos então assumidos. Entre eles, trabalhar “pela retomada do prazer da docência vocacionada”.

Este objetivo, uma das prioridades da nova diretoria, é muito significativo. E falar sobre ele neste 15 de outubro é fundamental.

Dados de uma pesquisa feita pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) em 2023 revelam que só 5% dos jovens brasileiros dizem querer ser professores quando estão no ensino médio. E de acordo com os dados do Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) de 2021, cerca de 19% dos estudantes de licenciatura no Brasil não têm interesse em trabalhar como professores.

Especialistas em educação atribuem essa falta de interesse à baixa remuneração e às más condições de trabalho enfrentadas pelos docentes.

Melhores salários, estabilidade no emprego, garantia de direitos, preservação da saúde física e mental e liberdade de cátedra constituem garantias que contribuem para a escolha e integração do profissional da educação na carreira.

A par das precárias condições de exercício profissional e de remuneração, o cerceio da liberdade de cátedra, direito constitucionalmente garantido a todos os docentes, constituem as razões fundamentais para que aos poucos desapareça o prazer da docência vocacionada e diminuam os profissionais dispostos a lecionar.

A cada pleito eleitoral os professores viram alvo de extremistas que buscam votos pregando ódio contra a classe docente. Entre 2014 e 2020, 237 projetos foram apresentados pelo país afora com o objetivo de censurar professores e restringir a liberdade de cátedra segundo levantamento feito pela frente Escola sem Mordaça. De acordo com a pesquisa, dos projetos, 214 foram apresentados em municípios, estados e no Distrito Federal. Os outros 23, no Congresso Nacional.

Esse cenário reflete-se obviamente na sala de aula, última trincheira de resistência contra o obscurantismo que se espalha pelo Brasil e pelo Mundo em patamares alarmantes com o crescimento da extrema direita.

Calar os professores, dificultando sua sobrevivência e interferindo na liberdade de cátedra é estratégia contra a qual resistem heroicamente os docentes, que se recusam a se tornar meros reprodutores de conteúdos e aplicadores de avaliações.

Nesse 15 de outubro de 2024 o SINPES brada com veemência contra todas as tentativas em andamento para sufocar a capacidade do professor de aguçar o senso crítico de seus alunos e transmitir saber com visão questionadora e transformadora.

E reafirma seu compromisso de homenagear diuturnamente os professores trabalhando pela retomada do prazer da atividade docente inspirado nos ensinamentos do saudoso professor Aloísio Surgik que não se cansava de repetir: “O pragmatismo decorrente da ilusão capitalista busca três coisas: lucro, lucro e lucro. Costumo dizer que meu compromisso com os alunos não é o de impor ‘conhecimentos’ na busca imediata de dinheiro fácil e inconsistente. Prefiro ajudá-los a pensar…”.

#SinpesAssim

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