por Michael França, na FSP
Parte considerável da alocação dos recursos pouco tem a ver com o trabalho duro
A vida não é apenas o que você faz, mas também de onde você começou. Imagine um jovem que cresceu em um bairro rico, com escolas de qualidade, desfrutando de bons contatos e amplo apoio financeiro.
Agora pense em outro que nasceu em uma família pobre, frequentou escolas ruins e está imerso em um ambiente que pouco contribui para seu desenvolvimento pessoal. Esses dois jovens podem ter os mesmos sonhos e a mesma capacidade, mas as probabilidades estão fundamentalmente a favor de um deles.
A questão é que esse tipo de vantagem não é conquistada, ela é herdada. Isso não significa que muitos daqueles que estão em uma posição favorecida não se esforçaram. No entanto, significa que eles tiveram um empurrãozinho a mais. E, enquanto chamarmos essa vantagem de “meritocracia”, estaremos negligenciando as verdadeiras forças das desigualdades que moldam nossas vidas.
Grande parte dos recursos não é distribuída com base no esforço individual. Ela é distribuída por um sistema que, por décadas e gerações, favoreceu alguns em detrimento de outros. A isso chamamos de privilégio.
Mas não me entendam mal. O mérito é importante. A ética do trabalho é importante. Contudo precisamos reconhecer que as portas do progresso nunca foram realmente abertas para os brasileiros que perderam na loteria do nascimento. Precisamos admitir que essas portas não dependem de o quão forte você bate, mas de quem segurava as chaves desde o começo.
Apesar disso, algumas vezes ouvimos histórias sobre pessoas que conseguiram superar adversidades e realizar grandes feitos. E não há dúvidas de que essas pessoas são admiráveis. Elas nos inspiram, mostrando o poder da resiliência e do esforço. No entanto, precisamos ser honestos e encarar a realidade.
A realidade é que, para cada história de sucesso que ouvimos, existem milhares que não tiveram a mesma sorte. Há milhares que deram o melhor de si e trabalharam duro, mas enfrentaram dificuldades que os deixaram pelo caminho.
Quando alguém consegue avançar, devemos celebrar. Porém também precisamos lembrar que essas pessoas são a exceção, não a regra. Quando olhamos apenas para as exceções, estamos nos enganando. E um país que se engana nunca conseguirá progredir.
Se focarmos apenas nas poucas histórias de sucesso, correremos o risco de ignorar os muitos que ficaram para trás. Estamos falando aqui de milhares de mulheres e homens talentosos, jovens cheios de sonhos, que não conseguiram alcançar seu potencial. E não foi por falta de vontade.
O verdadeiro desafio de uma nação não é produzir alguns exemplos para dizer que o sistema funciona. O desafio é reformar o sistema para que ele funcione para todos. Para que não precisemos mais nos contentar com as poucas histórias de exceção, mas possamos nos orgulhar da construção de um país onde qualquer um, independentemente do local de nascimento, tenha as mesmas chances de sucesso em suas escolhas.
O texto é uma homenagem à música “Batendo o Martelo nas Mesmas Cabeças”, interpretada por Cabruêra.
Algumas pessoas nascem em berço de ouro, com os privilégios garantidos, tem a estrada pavimentada e sem passar por concursos são nomeados para cargos públicos, sem o menor esforço.
E, com ajuda da máquina pública o destino é selado, por grupos dominantes que herdaram o poder de seus antepassados, tudo sem esforço, ampliando a imensidão dos desiguais, no estruturado no assistencialismo de dependência e castrador de sonhos.
Aqueles que chegam ao topo da pirâmide foi por sacrifício dos pais, dar aos filhos a oportunidade que não tiveram.
Se este país tivesse políticos honestos e justiça, aliado a grandeza e as riquezas naturais, estaríamos no mais alto patamar do bem estar da humanidade. Infelizmente a IMPUNIDADE prevalece para garantir os privilégios de poucos e a grande maioria somos sobreviventes.
Besteiras e mais besteiras, sempre procurando jogar a culpa no tal “sistema”, quando na verdade o problema é um só: a baixíssima qualidade da educação pública.
E nos últimos trinta anos só vem piorando, gasta-se muito e mal.
E não não milagre, serão necessário pelo menos outros trinta ou quarenta anos para recuperar se fizer uma mudança na educação pública ontem.
O óbvio às vezes é escondido em nome de interesses escusos, este é mais um caso, não interessa aos políticos de nenhum lado um povo instruído.
A educação liberta, o passado mostra isto.