por Marcos Barrero*

O desastre é uma morte anunciada desde a segunda transição de poder na Globo. Ou seja: a chegada da terceira geração do esperto Roberto Marinho. Com os filhos da velha raposa – Zé, João e Roberto Irineu – ainda deu pra segurar a onda e construir um castelo de celulóide, como o Projac. Agora, com a ascensão dos netos, com Paulo Marinho, filho do Zé, na presidência, e a adoção do projeto “uma só Globo”, obra do executivo-advogado-escritor Jorge Nóbrega, a fantástica cidade cenografica começou a ruir.
Os números atuais são um tsunami. Equivalem a TV Gazeta dos anos 1990.
Vejamos: Globo aberta 11.09
GloboNews: 0.10 ( perde p Rede TV, TV Brasil, Cultura, TV Rodoviária, TV Santinha de Aparecida, TV Dog e Glub Glub…).
Conclusão: modelo falido. Exauriu.
Comando e artistas incompetentes. Criatividade zero.
A coisa está tão ruim que o último Rei da Cocada era Boninho. Um tipo tão longe do pai Boni como Edinho foi do pai Edson Pelé.
É a velha história do “inho”. O filho do Mané quase sempre é Manezinho. DNA não é atestado de qualidade. Não raro é folha corrida. Uma grande verdade no caso de Boninho, que foi mandado embora. Provando que quem é Boninho nunca chega a Boni, o fedelho dos Bonifácio empilhou fracassos. O BBB, formato pronto e importado, caiu 40 por cento em audiência na última década. Ninguém viu suas últimas invenções caseiras. Chegou tarde o cromo alemão dos Marinho em seus glúteos.
A Globo desistiu do povo. Da audiência. Faz hoje uma TV Ipanema.
Não retrata a realidade no jornalismo e na ficção. Faz sua própria ficção. Não retrata a vida como ela é. Pinta o quadro que acha que é.
Aí fica mais atual do que nunca o grito de guerra do tempo das Diretas: o povo não é bobo. Abaixo a Rede Globo.
Globo e você. Nada a ver.

*O jornalista Marcos Barrero foi roteirista e diretor da Globo