por Vanderlei Rebelo, no blog Paraná Político
Os dinossauros da política talvez tenham lembrado de José Richa ao ver o governador Ratinho Júnior (PSD) se licenciar do cargo ontem para apoiar seus candidatos nas eleições de domingo.
Na primeira eleição pelo voto direto para a Prefeitura de Curitiba pós-ditadura militar, realizada em 15 de novembro de 1985, Richa se afastou do cargo de governador por 15 dias e foi às ruas pedir votos para seu candidato, o deputado estadual Roberto Requião (PMDB).
Richa começava o dia às 6 da manhã nos terminais de transporte público, onde falava com os passageiros e lhes pedia o voto em Requião, que comia poeira atrás do ex-prefeito Jaime Lerner, candidato do PDT, nas pesquisas eleitorais.
Já era novembro, mas ainda fazia frio de manhã cedo naquela Curitiba pré-mudança climática. Ele saía de casa com uma surrada jaqueta de couro marrom. E preferia ir sem assessores, mas se os aspones fossem inevitáveis, que mantivessem distância.
Richa não discursava, conversava com as pessoas. Buscava convencer pelo tom ameno da fala, no seu jeito bonachão. O feio narigão desarranjado num acidente de carro parece que mais o aproximava das pessoas.
Richa virou a disputa em favor de Requião, na eleição de prefeito mais polarizada da cidade. E graças a ele, Requião venceu a eleição contra o melhor prefeito que Curitiba já teve em todas as épocas. Alguns anos depois, Richa afirmou ao autor deste blog que havia cometido um erro em 1985, mas que não havia sentido em se arrepender. Fizera o que acreditava que deveria ser feito naquele momento.
Pena que o filho não herdou em nada a postura do pai
Acidente de Jipe, no qual arrebentou o nariz, em campanha por Nei Braga. Nõ quis operar, dizendo sabiamente que era marca da vida vivida. Grande Richa.
E ainda fez a campanha eleitoral em outras doze cidades fronteiriças que estava na Lei de Segurança Nacional.
E ganhou em todas as 13 cidades.
Parabéns José Richa.