16:40Saudades do amigo imortal

por José Maria Correia

Hoje o celebrado poeta , compositor, músico , jornalista, professor e publicitário Paulo Leminski faria 80 anos.

Uma explosão de talentos e muito rara em uma única pessoa.

Fizemos parte da geração dos anos dourados e fomos rebeldes dos 60 e 70 que combateram a ditadura militar nas ruas.

E do período dos hippies , da Tropicália , da contestação, da contracultura, e do amor, da paz e as flores nos cabelos.

Da época da jovem guarda, dos festivais de música, da Bossa Nova, de Caetano, Gil, Raul Seixas, Rita Lee, Bob Dylan , Janis Joplin e Jim Morrison.

Do Underground, do Cinema Novo, de Ruy Guerra, Glauber Rocha , Cacá Diegues e Nélson Pereira dos Santos .

E do Teatro de Vanguarda de Ademar Guerra, Ruth Escobar, Flávio Rangel e José Celso Martinez

Das peças revolucionárias O Rei da Vela , Cemitério de Automóveis , Hair e Roda Viva

Fomos ainda colegas na mesma sala do terceiro ano de Direito da Universidade Federal do Paraná , onde estava sempre conosco na cantina, outro compositor e amigo, o Lápis, que também passou prematuramente para o andar de cima.

O Paulo foi um dos meus mentores em literatura também.

E juntos, como atletas, recebemos as honrosas faixas pretas de Judô , após anos lutando nos tatames da antiga Academia Kodokan.

Depois, em 1983, em meu mandato como vereador de Curitiba, o homenageei com o Prêmio de Literatura Cidade de Curitiba em uma concorrida sessão que terminou de madrugada em uma tertúlia literária no Bar Palácio com o Paulo declamando os haicais que mais gostava.

Foi por sugestão do poeta e sua companheira a cineasta Berenice Mendes que elaborei e consegui aprovar a lei do Fundo Municipal de Cinema.

Nos deixou precocemente aos 44 anos , mas como acontece com os gênios, sua obra revolucionária ganha cada vez mais admiração e seguidores.

E as reedições de seus livros, como Distraídos Venceremos e Antologia Poética, batem recordes de vendas nas livrarias.

Saudades do amigo imortal.

Na foto, em uma tarde de sábado encantada no Passeio Público, falávamos de artes e de cinema. Jaime Lerner, Leminski, Jamil Snege, José Maria, Tato Taborda, Valêncio Xavier e Roberto Requião. Todos cinéfilos, jovens, sorridentes e sob as sombras das asas dos doces Pássaros da Juventude e da Esperança. Éramos felizes e sabíamos.

2 ideias sobre “Saudades do amigo imortal

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