11:18Ivair, adeus

por Luiz Nascimento, no GE

Coroado Príncipe pelo Rei, Ivair era a Portuguesa encarnada

Dentro e fora de campo, Ivair foi um dos ídolos mais presentes e respeitados na história da Lusa; ex-atacante morreu aos 79 anos em decorrência de um câncer

A Portuguesa perde uma das suas mais preciosas revelações, um dos seus mais admirados craques, um dos seus maiores ídolos. Ivair, o Príncipe do Futebol, morreu nesta quinta-feira em São Paulo, aos 79 anos, em decorrência de um câncer.

O atacante, que defendeu as cores rubro-verdes por praticamente uma década e nunca mais se afastou do clube, era praticamente a encarnação da Lusa. Era sinônimo dela. Uma espécie de embaixador. Aonde chegava ou passava, a Portuguesa era lembrada.

Foi com o irmão Dito, nas ruas de terra batida da favela da Vila Espanhola, na Zona Norte de São Paulo, que aprendeu a jogar futebol ainda criança. E foi batendo bola durante o trabalho, em um estacionamento, que o patrão, diretor da Lusa, viu ali futuro.

Chegou ao Canindé – na época o estádio da Ilha da Madeira –moleque de tudo. Logo o Gibi, apelido da criança fanática pelas revistas do Tarzan, virou o Sabiá. O novo apelido foi dado pelo zagueiro Ditão, um dos professores de Ivair junto com Ipojucan, Nena, Hermínio, Djalma Santos, Servílio e tantos outros craques da Lusa daquela época.

Sabiá porque era franzino e só dava para ver as pernas fininhas saindo debaixo de uma camisa sempre grande, folgada, enorme para o biotipo dele. Foi campeão paulista de juvenis e subiu ainda moleque pro profissional.

Estreou no time principal em 1962, aos 17 anos, em um empate com a Prudentina na Rua Javari. Ivair marcou o gol da Lusa naquele 1 a 1. Um golaço de cabeça. Desmaiou logo na sequência. O lendário massagista Mário Américo disse que era a emoção da estreia. Mas o Sabiá sempre contou que, na verdade, foi a pancada da bola de capotão.

Dali em diante o Sabiá deslanchou. Virou algoz número um do Palmeiras. Como fazia gol na equipe alviverde! O goleiro Valdir Joaquim de Moraes não podia ver Ivair nem de longe. Mesmo porque até gol do meio de campo, no Pacaembu, ele fez.

Como todo gênio da bola, adorava jogo grande. E foi num deles, um clássico contra o Santos, em 1963, que marcou dois dos três gols de uma vitória da Lusa por 3 a 2. Na saída do gramado do Pacaembu, Pelé foi perguntado sobre a atuação de Ivair.

O futebol brasileiro teve muitos príncipes, mas só um coroado pelo próprio Rei. O Príncipe só não foi campeão paulista em 1964 por causa do árbitro Armando Marques. E só não foi para a Copa do Mundo de 1966 porque aquela preparação brasileira foi uma bagunça.

 

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