16:30ticiana vasconcelos silva

De tanto ver
Não mais reconhecer
O que se sente
E a mente
Permanece rente
Ao mistério
Mais sublime
Que se crie
O que se vive
Que se pinte
O que se exprime
Como a mais sutil
Voz, porém veloz
E que se tenha
Menos certezas
Para que a beleza
Se faça presença
Nessa crença
Que não condensa
O mínimo critério
Mas o sincero
Beijo é sem licença
E a permanência
Não demora
E se chora quando sai
À procura
Quando a cura
Não segura
Os segredos
Silêncios e vazios
Como se baniu
A identidade
E arde a liberdade
Que vai-se tarde
A idade é corriqueira
E mesmo que se queira
Não faz meias verdades
Sabe-se guardar o sono
Mas nunca morremos
Quando o sonho escorre
Pelas paredes inertes
Acerte é o erro
E o medo me fez vento
Sento para olhar
E a solidão
Se fez mais uma vez
Como a sensatez
Se desfaz
E nada mais é realização
Somos para sempre
A criação
Mas viver é mais proeminente
Que a imensidão
De pensamentos permanentes
Na eterna escuridão
Não é lentidão
Sim é coesão
E quando se perde
As ausências
Faz-se quedas
E esperas
Na deletéria memória
Afora bem se esconde
Uma montanha e seu monge
Para ver o ter
E ser
Para sempre o ciente
E não abrir o portão
Que não é vidente
Mas é certamente
A ilusão
Subimos e retemos
O alvorecer para vencer
Mas a perda é o que se come
Com a fome
Lágrimas nos traem
E o que se esvazia
É o dia
Nessa arritmia
Da rima
Em cima de mim
O deus
Abaixo o seu
Céu
Fel do véu
Que se parte
Pela metade
Luz para nascer
E para jamais crer
E esquecer
Hoje lembrei
A vitória
Mas jamais serei
Menos que a minha estória
Inexplicável
Inalável é o mel
E diz o pincel
Cores e tremores
Para riscar chãos
Senão já se foi
A madrugada da estrada
Que leva ao nada
Calada é a ponte
E no horizonte
Eu vi
E ri
Para ir
E vir
Sempre em frente
Mas o que mente
É a semente
Que faz barulho
E eu a engulo
Para chorar
E clamar sua fonte
Que se desmonte
Este poema
Já que o dilema
É o êxtase
Já que o cinema
É a ojeriza
Do que se recrimina
E se incrimina
Faço versos desconexos
Para quem souber
Que hoje é o inverso
E amanhã o universo
Deste tenso escrever
Põe-se o envelhecer
Em linhas sozinhas
Cheias de manias
Perco-me na vida
E encontro-me na saída
E ainda sou sol
Deste orgulho em prantos
Encantos do mar
E meu lar é mergulhar
Na profunda garganta
Como quem espanta
Todos os nomes
Para que quem dorme
Não acorde

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