7:59Novelas por elas

por Carlos Castelo

Sou uma dessas pessoas que odeia telenovelas. Para mim, a maioria presta um desserviço à educação, são alienantes e, por vezes, estimulam maus costumes. Se você me conhece, já deve ter me ouvido reclamar sobre o drama interminável de “O direito de nascer”. Mas vou contar uma outra história para vocês.

Numa noite qualquer, enquanto zapeava os canais, deparei com uma reprise de “Tropicaliente”. Na hora, pensei: “isso é um verdadeiro ‘Esplendor’!” E assim começou minha vida de noveleiro involuntário.

“Elas por elas”, as personagens foram me envolvendo numa trama tão arrebatadora quanto uma “Escalada”. Resisti, mas era como ser a “Escrava Isaura” do controle remoto, subjugado àquela programação.

O meu destino estava “Escrito nas estrelas”. E diante do “Espelho mágico” televisivo, me vi envolvido naquele “Pantanal”, entre “O cravo e a rosa”. Achei que precisava de uma “Estrela-guia” para me salvar. Até o “Estúpido cupido” parecia em conluio com a “Eterna magia” dessas tramas.

Então decidi: vou virar “O Rei do gado” e comprar essa emissora, só para botar fim a tamanha tortura. Mas a promessa ficou “De quina pra lua” e assisti a novela até o final. Sim, admito, eu me encontrava numa “Cama de gato” de emoções.

Mesmo com a “Força de um desejo” de mudar de canal, me vi preso numa “Guerra dos sexos”, dividido entre “Gabriela” e “Helena”. Tentei escapar, mas a cabeça girava como um “Bambolê”. O “Insensato coração” me levava de volta à frente da tela.

Foi aí que “Um anjo caiu do céu” me fazendo indagar: “peraí, isso não se assemelha a um ‘Jogo da vida’?”

Só que, entrementes, surgiu “Locomotivas”. Uma trama desenfreada como um vagão desgovernado, e percebi que estava envolvido novamente numa “Mandala” de sentimentos. O “Olho no olho” dos atores me hipnotizava. Lembrei-me de todos “Os gigantes” que já desafiaram a TV e me senti como um “Pai herói” fracassado, tentando me salvar, e a família, da influência maléfica das novelas.

“Paraíso tropical”? Longe disso. “O bem-amado” se tornaria o próximo pesadelo. A luta entre minha “Passione”, e o Pé na jaca” para desligar a TV, parecia interminável. Tentei até jogar “Pedra sobre pedra” para bloquear o sinal, mas infelizmente as “Duas caras” me mantiveram dividido.

No final, era como viver “Cobras e lagartos” com os folhetins eletrônicos. “Páginas da vida” que eu não queria, mas que continuavam a ser escritas.

E assim, no dilema típico de um “Que rei sou eu?”, me desesperei e dei para gritar pelos cômodos: “Uga, Uga”. Nem a “Rainha da sucata” conseguiu me libertar. “Marron glacé” ou “Feijão maravilha”, tudo era uma “Salsa e merengue” de perturbações desconexas.

Então, se um dia me encontrarem “Sassaricando” pela sala de estar, saibam que essa é uma “Selva de pedra” que não escolhi. “Sem Lenço, sem documento”, mas com muitos dramas vivenciados, minha existência se transformou num eterno “Renascer”. Ai, como é terrível ter “Duas Vidas”! Nem mesmo “O Clone” suportaria tanta ambiguidade.

Bom, chega de “Ti ti ti”, preciso me controlar para não rever “Tieta”. Espero que nos próximos capítulos acabe esse “Morde e assopra”.

(Publicado no Rascunho)

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