8:25O Brasil precisa de notícias falsas?

por Cláudio Henrique de Castro

O Congresso Nacional manteve no dia 28 de maio o veto do ex-presidente Bolsonaro à tipificação de crimes contra o Estado democrático de direito, entre eles, a criminalização das fake news nas eleições (VET 46/2021). 

Foram 317 votos favoráveis, 139 contrários e 4 abstenções na Câmara dos Deputados. A tipificação de crimes contra o Estado democrático estava prevista no Projeto de Lei (PL) 2.108/2021, que gerou a Lei 14.197, de 2021, e revogou a Lei de Segurança Nacional (Lei 7.170, de 1983).

O texto vetado estabelecia até cinco anos de reclusão para quem cometesse o crime de “comunicação enganosa em massa”, definido como a promoção ou financiamento de campanha ou iniciativa para disseminar fatos inverídicos e que fossem capazes de comprometer o processo eleitoral.

Também definia crimes como “atentado a direito de manifestação”, com pena que poderia chegar a 12 anos de reclusão; e o aumento de penas para militares e servidores públicos envolvidos em crimes contra o Estado democrático de direito.

Um estudo recente da Coalizão Direitos na Rede (CDR), que reúne mais de 50 organizações acadêmicas e da sociedade civil, analisou cento e quatro leis de setenta e um países ou blocos regionais e verificou que em apenas três não criminalizam a disseminação de desinformação no ambiente digital.

A União Europeia considera a desinformação como uma informação comprovadamente falsa ou enganadora que é criada, apresentada e divulgada para obter vantagens económicas ou para enganar deliberadamente a população, e que é suscetível de causar um prejuízo público.

Em Portugal desde 2021 há uma lei sobre os direitos humanos na era digital que coíbe o uso da inteligência artificial na produção das mentiras coletivas.

A Câmara dos Deputados rejeitou a criminalização das notícias falsas (fakes news) por que este é o instrumento da comunicação daquela maioria parlamentar?

Com efeito, há uma indústria milionária da criação de fatos distorcidos, notícias falsas, de ideias negacionistas e anticientíficas. Tudo isso se conecta com milhões de pessoas, por meio das redes sociais.

O resumo da ópera; o veto que foi mantido pela Câmara dos Deputados preserva a impunidade das notícias falsas.

Tal procedimento afronta a Constituição que prevê que são invioláveis a intimidade, a vida privada e a imagem das pessoas. Igualmente, o direito constitucional da liberdade de expressão não assegura a divulgação de mentiras.

Criadores e divulgadores de notícias falsas permanecem impunes, em prejuízo de milhões de cidadãos.

Uma ideia sobre “O Brasil precisa de notícias falsas?

  1. Amafi Gonzaga

    Em um mundo dominado por redes sociais, uma indústria milionária floresce na sombra: a criação de notícias falsas, ideias negacionistas e anticientíficas. Essas mentiras se espalham como fogo, conectando-se com milhões de pessoas ávidas por informações.
    O resultado? Uma sociedade envolta em desinformação, onde a verdade se perde em meio a um mar de mentiras. O veto da Câmara dos Deputados à lei que combateria a desinformação apenas intensifica esse problema, protegendo os criadores e divulgadores de fake news e deixando milhões de cidadãos vulneráveis aos seus efeitos nocivos.
    Essa impunidade é uma afronta à Constituição, que garante a inviolabilidade da intimidade, da vida privada e da imagem das pessoas. A liberdade de expressão, por sua vez, não assegura o direito de divulgar mentiras.
    É urgente que medidas sejam tomadas para combater a desinformação e defender a verdade. Leis e mecanismos robustos são necessários para punir os responsáveis pela criação e disseminação de fake news. A sociedade civil e a mídia também têm um papel crucial a desempenhar nessa luta.
    Somente com um esforço conjunto poderemos construir uma sociedade mais informada, crítica e resistente aos perigos da desinformação.

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