Deitava na cama do faquir, mas não sabia o motivo. Disseram que a ordem vinha da sombra – da própria sombra que o acompanhava desde a concepção. Na verdade a coisa estava lá há décadas, logo depois da noite de amor que balançou a rede e não houve nenhum gemido, porque ao lado, em outro quarto da tapera, estavam os pais do noivo. No mato ao lado uma coruja virou o pescoço e seu olho era vermelho. Carcará ainda se deliciava com o que encontrou no bucho do burrego que Bethânia cantou séculos depois. Silki, o grande, veio à mente quando não mais sentiu pregos varando a carne da alma. Ele estranhou e logo acordou no meio da madrugada. Uma lua varou a telha de vidro e um raio de luz invadiu sua testa. Levitou – e não era sonho. Virou-se no ar e a cama agora era de flores, rosas em sua maioria. Brancas. Num canto havia algo diferente. Uma caixa de remédio. Tarja preta. Foi ver. Era Frontal. Saiu dali com a confiança que trocara de anos pela angústia esmagadora do peito, garrote na garganta, a mente pelo avesso e negra como uma graúna que nunca vira.