de Ticiana Vasconcelos Silva
Baixando para elevar
Caindo para alcançar
Chorando para curar
Criando para ousar
Sair do comum
Do lançador
De flechas
Reta e discreta
Meta sempre inquieta
E a floresta intensa
Do meu amor
Uma cor: mil
E um covil de crimes
Que se intimidem
Com o meu segredo
Sagrado é viver
E ser
Lá, no caminho
Havia um abismo
Me joguei
E voei
Sonhei
Acordei
Reatei a órbita
Sólida e intrépida
Façam festa
Porque eu vim
Porque eu quis
Porque eu sabia prometer
E cumprir
Cumpri a palavra
Porque é sagrada (repito)
E minto para fugir
Sinto o porvir
Pinto o iludir
Vivo o sair
Saí e juntei
Pó com pedra
E a baleia eu vi
No mar a me ensinar
A sorrir
Vim, vi, vivi
Perdi
Renasci
E sumi
Vejam o que ela pode
Porte de besteiras
Mas a lua é cheia
E eu me enchi
Me preenchi
De vazios
Esqueci
Mas sempre lembro
Porque hoje é cedo
E amanhã já se foi
lembras das velhas pedras, mal cortadas, já negras?
lembras dos escuiros sobrados mal cuidados, fechados?
e da pouca luz, do silêncio, d´algumas pessoas – lembras?
ou dos carros, já tarde da noite, trafegando trôpegos, parecendo maior o vazio?
pois é:
a cidade é a mesma. mudou nada
passaram, e só, o tempo, o espaço.
e tudo parece tão diferente.
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lá de dentro,
do íntimo
tomado de raio-x,
explode
tua alma