O vento cala a memória
E eu o sinto como a um amigo
Que saiu sorrindo
Após sua vingança
Como uma lembrança
A buscar o medo
Como uma criança
Que guarda segredos
De uma manhã febril
Em que se viu
O reflexo de sua sombra
No espelho
E o vento me diz:
“Você é a corda
Que enlaça o meu beijo
Você é a bossa
De um bolero sem tempero
Você é o fio
Que costura o meu sossego
Você é um navio
Que ouve o meu primeiro
Sinal perante o sol e vê o meu amor
Por ti, por todos
Por cada um que presenciou
A luz de uma aurora boreal
Na terra do amor final
O seu como o meu
O nosso olhar sob véus
O céu a esperar este encontro”
E eu percebi
Que meu corpo já era triste
Pela partida do vento
Que me deu alento
Que me deu alimento
Que é a matéria de que sou feita
Um sopro no escuro
E o mundo terminou
rompi teu silêncio;
ganhei tuas palavras