por Célio Heitor Guimarães
A missão da imprensa é noticiar e informar o público. Mas é também fiscalizar a administração pública e denunciar as falcatruas e os desleixos cometidos pelos detentores do poder.
Em consonância com essa linha de conduta, não se pode deixar de aplaudir, de uma forma geral, os noticiosos televisivos da Rede Paranaense de Televisão – RPC, em suas diversas edições. Na quinta-feira, por exemplo, o Boa Noite, Paraná ofereceu dois momentos de jornalismo pleno: quando relevou a omissão dos políticos do Paraná (deputados federais e senadores) em relação a recursos para prevenir desastres naturais no Estado, nos anos de 2023 e 2024; e quando atualizou as estrepolias (para dizer o mínimo) de Eduardo Requião, irmão do ex-cacique Roberto, na superintendência da Portos do Paraná.
No primeiro caso, ficou patente que a preocupação dos ditos homens públicos passa longe das necessidades da população, limitando-se a interesses pessoais ou de grupelhos a eles ligados. No ano passado, o Paraná sofreu, com grande intensidade, os efeitos dos fenômenos climáticos, particularmente a cidade de União da Vitória, castigada por chuvas constantes e enchentes de grande monta. Quais foram as medidas tomadas pelos representantes do Estado na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, antes e depois do ocorrido? Nenhuma, rigorosamente nenhuma. Estão lá na Capital Federal, têm o poder na mão, mas não querem ou não sabem exercê-lo. O eleitor precisa ficar de olho e lembrar-se disso nas próximas eleições. Ou vai continuar posando de otário?
O caso de Eduardo Requião é antigo e parece não ter fim. Ele é suspeito do cometimento de crimes em contratos públicos, de lavagem transnacional de dinheiro, de evasão de dinheiro e de associação criminosa, quando exercia o cargo de superintendente da Portos do Paraná (de 2003 a 2008). Um cardápio respeitável, sem a menor dúvida. Na quinta-feira, a Polícia Federal cumpriu dez mandados de busca e apreensão e 13 mandados de sequestro de bens, em Curitiba e no Rio de Janeiro, durante a chamada operação Serendipitia, desdobramento da operação Daemon, tendo como principal alvo o também conhecido como “Vovó Naná”. A 14ª Vara Federal de Curitiba determinou também o bloqueio de contas bancárias e de aplicações financeiras dos investigados. A investigação tem como base documentos de bancos da Áustria e dos Estados Unidos. Coisa de gente grande e de milhões de reais.
Para exercer o jornalismo é preciso ter coragem, além de competência. Isso parece sobrar na equipe da RPC. Parabéns.