de Ticiana Vasconcelos Silva
O que eu vivi
Só Deus sabe
E como a parte
Que me cabe
Me sinto metade
Deste destemor
E como o amor
Que ao leste vem
E não se retém
Aos meus vinténs
E quem tem
Um Harém
Que desvenda
Mistérios
Um cemitério
De cogumelos
E um critério
A compor
Lágrimas de sangue
E o distante
É mesmo constante
Neste mínimo instante
Que, ressonante
Abre crateras
De frígidas
Criaturas
Que não se compõem
Com o olor
De um ator
A se impor
Sobre as jactâncias
Da sobriedade
E na cidade
Me arde
A crueldade
Dos que esperam
A liberdade
Para criar
A realidade
Além da solenidade
E o que se escapa
É a capa
Por trás da exata
Imensidão
De ser só
Como um nó
Que desata
A asa
A primaverar
Os recônditos
Do universo
E eu me meço
Pelo meio
Como um trigueiro
Que, inteiro
Sobrepõe-se
À matéria
Que, em sua inércia
Repõe peças
No tabuleiro
Jogo com a morte
E a sorte é vil
Como o navio que parte
E já é tarde
Na manhã desoladora
Como a ponta
Que não conta
Dinheiro
Apenas o enleio
Que detenho
Para compor
Órbita simplória
Que cria
A vingança
De ser duas
Medidas
Tímida
Sobrevêm-me
A conclusão:
Nunca é não
E a vitória
Está na contramão