18:20Demônios matinais

Me assustam entre o despertar e o acordar. Demônios matinais. Aparecem com a luz vazando em qualquer janela. O travesseiro abraçado como boia de salvação. Não há. Fechar e abrir os olhos. Paga-se os pecados à prestação. O pesadelo dos sonhos fica leve, mesmo com mortes violentas, visitas de mortos e drogas percorrendo a corrente sanguínea. Um sinal da cruz. Uma oração sem ver a imagem esculpida. O logo mais fica mais pesado. Pensar em passar o café é como apenas beber a água fervente pelo bico da chaleira. O suor no corpo cola o lençol. Um chute com os dois pés para o alto. Dores nos joelhos, nas costas. A mente escura ainda dispara estilhaços da culpa eterna. Mancando até o chuveiro. Água fria. Um carro passa tossindo na rua. Latido de cachorro ao longe. Há cantos de pássaros. Uma florzinha branca aparece no fundo do quintal. Acordado.

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