por Vilmar Farias
Todas as sextas-feiras tem sido assim: quatro horas da tarde, um grupo de amigos reúne-se para conversar. No início, essas reuniões ocorriam na Boca Maldita; depois, mudou para o café da extinta Livraria Saraiva, no Shopping Cristal. Sumiu a livraria, o café e os DVDs. Hoje, passados 30 anos (pouco mais), as reuniões acontecem no Café do Vicente, nome atribuído pelo grupo, no Shopping Pátio Batel. As conversas vão de discos voadores a decisões monocráticas de ministros do Supremo; da inteligência das abelhas à inteligência artificial; do livre arbítrio à democracia, dentre outros assuntos discutidos e alguns “transitados em julgados” ao longo dos anos.
Como dizem: tudo passa, mas quantos compreendem o alcance desses encontros de amigos? A vida só tem sentido quando somados instantes de profícuas discussões traduzidas em conversas consolidadas nas boas lembranças.
É neste eternizar dos bons momentos que vou abrir um parênteses para contar um fato ocorrido na última sexta-feira, dia 16. Estávamos sentados, conversa vai conversa vem, quando, de repente, uma voz, num tom mais elevado, assim falou: “Posso dar um beijo neste homem?”. No segundo de silêncio que se sucedeu com toda atenção àquela voz, quem se aproxima, e efusivamente cumprimenta o Célio Heitor Guimarães? Gilberto Fontoura. Um dos pioneiros do rádio e da televisão do Paraná. Uma bela história contada por Célio na coluna publicada no blog do Zé Beto no dia 18 de janeiro, sob o título: Força, amigo Gilberto!
Lembro do Gilberto Fontoura nos tempos do Globo Esporte, no Canal 12, e, com surpresa e tristeza, tomei conhecimento de que ele está doente. Coisa séria, escreveu o Célio em sua coluna.
Mas o Gilberto alegre falante agradeceu ao Célio, e marcou o momento quando ouvimos ele dizer mais ou menos isso: “Você não faz ideia do bem que me fez, ainda mais quando se está cuidando de fazer semanalmente exame de sangue para verificar os parâmetros da aplicação de quimioterapia”.
Novo silêncio. Calei meus pensamentos, admirando a força daquele homem, um avô, falando do amor por sua família, expressando gratidão pela vida bem vivida. Pensei na importância da coluna do Célio, que já se manifestou no sentido de parar de escrever. Como pode, quando os seus escritos alcançam a alma, como sentimos na sensibilidade de GF?
Torcemos todos pela saúde de Gilberto Fontoura. E naquele dia, aprendemos que o silêncio pode ser a força do coração, num sentimento de impossibilidade do instante que nos invade numa eterna nostalgia.
Um texto cheio de sentimentos e emoções!!
O autor manda muito bem!!👏👏👏👏