Era um outro tipo de mar. De gente. No asfalto quente, sol na moleira. vermelho inferno predominando. O som vinha em ondas – e lentamente, como os passistas mambembes. Alguém se debruça na varanda do apartamento de R$ 70 milhões. O que pensa? Não é hora pra isso. Há um caminhão de som e, de repente, Chitãozinho e Xororó entram na avenida beira-mar com a Evidências deles. Todos cantam. É carnaval? Sim, depois que o bloco passou e foi largando cozidos e celerados pelas esquinas do bairro nobre, o da vida real entra, todos vestidos de macacão laranja para limpar a sujeira espalhada pelo chão. Um avião azul passa voando com uma faixa indicando que o Bob’s agora tem caipirinha de milk-shake. Vai um gole? Não é preciso. Precisa é a limpeza da esbórnia. Em pouco tempo a avenida está limpa, lavada, o sol se põe, – e os dois irmãos reinam olhando até a Pedra do Arpoador. Ipanema é logo ali. As luzes do Vidigal se acendem. Não há balas traçantes. Apenas uma tarde de Carnaval no Rio de Janeiro.