17:25Sem a tampa

Fui olhar a criança brincando no quintal. A dor imediata, imensa. Topo da cabeça arrancado pela janela. Sangue escorrendo. Alguém olhou e viu o cérebro. A dor, física, passou. Veio a dor eterna. A existência atropelada por tudo. Estava lá dentro guardado no cofre que pensei ter aberto e expulsado. Jesus pregando no deserto. Perfeita imagem. Súditos hipócritas. Uma hóstia apaga violência extrema, traições, o poder como vício, o dinheiro alimentando a matilha, preconceitos. Confesso que não vivi. Quero a tampa do meu crânio de volta! Um urubu tentou espantar os ratos. Lesmas deixaram rastro ali. Peguei antes. Quem falou em sexo? Ouço vozes, mas leio a definição: sexo é uma mijada. Nelsão, pra variar e rimar. Colei com Araldite. Nasceram cabelos imediatamente. Wodstock nos cachos caindo até o meio das costas. Uma noite em Alcântara. Saco de dormir. Noite estrelada. Não é piada de papagaio. Alguém me apresenta um celular. Telefono. Deus atende. Diz apenas uma coisa: “É assim mesmo!”

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