11:39Azul

de Carlos Penna Filho

Então, pintei de azul os meus sapatos
Por não poder de azul pintar as ruas
Depois vesti meus gestos insensatos
E colori as minhas mãos e as suas.

Para extinguir em nós o azul ausente
E aprisionar no azul as cores gratas
Enfim, nós derramamos simplesmente
Azul sobre os vestidos e as gravatas.

E, afogados em nós, nem nos lembramos
Que no excesso que havia em nosso espaço
Pudesse haver de azul também cansaço.

E perdidos de azul nos contemplamos
E vimos que entre nós nascia um sul
Vertiginosamente azul. Azul.

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