10:31Torcedores violentos devem ser igualados aos invasores de 8 de janeiro

por Juca Kfouri, na FSP

Problema visto nos estádios brasileiros é grave, antigo, e tem solução

Os presídios de Brasília estão repletos de fascistoides e ignorantes que atentaram contra a democracia nem bem se completava a primeira semana do novo governo.

Falta ainda prender os maiores responsáveis pela insânia iniciada dia 12 de dezembro de 2022, continuada na véspera do Natal e culminada no dia 8 de janeiro deste ano: os homúnculos, fardados ou não, que incentivaram a baderna golpista contra a maioria do eleitorado brasileiro.

Maioria que só diminuiu do primeiro para o segundo turnos porque a derrama de dinheiro para comprar votos e as barreiras para impedir que eleitores chegassem às urnas tiveram a dimensão que tiveram.

A punição célere aos que foram presos em flagrante certamente desestimulará novos ataques às instituições, ao inverso do que, há décadas, acontece nos estádios do país.

O Brasil é um dos países mais violentos do planeta, e não seriam os torcedores de clubes de futebol exceção à regra.

O maior estímulo recebido por eles vem de comparsas conhecidos.

Desde a cumplicidade da cartolagem que os usa para pressionar jogadores, e os teme como ratos têm pavor de gatos, à incapacidade histórica das autoridades em combater a minoria de celerados.

Com o que se estabelece o círculo vicioso perfeito.

Prisioneiros do terror, atletas justificam os atos de torcedores que cercam ônibus das delegações como fizeram os corintianos em Santos, ou jogam rojões no gramado como se viu na Vila Belmiro e em São Januário.

A cumplicidade e a incompetência se juntam em aliança macabra.

Quem permite a entrada de bombas nos estádios?

Os encarregados da segurança intimidados pelos violentos.

Quem estimula atos terroristas?

Os cartolas que direta ou indiretamente os financiam ou estabelecem diálogo irresponsável com eles.

Quem os mantém impunes?

As autoridades e a Justiça inertes e indiferentes à barbárie.

Houve quem imaginasse a solução com a providência da torcida única.

Pois só havia santistas na Vila Belmiro, como é praxe em São Paulo, e quase só vascaínos em São Januário, porque a torcida do Goiás era insignificante. E houve o que houve.

Estádios viram praças de guerra com a mesma facilidade vista na dos Três Poderes, independentemente de receber torcida única ou não.

A gravidade das ocorrências é incomparável, o remédio não é.

Quantas pessoas foram presas em Santos e no Rio?

Quantos cartolas foram punidos pela omissão ou parceria?

A rara leitora e o raro leitor sabem a resposta.

A violência está banalizada no Brasil, e, por mais que não leve a nada, como se viu no frustrado golpe contra o resultado eleitoral, urge acabar com a impunidade.

Repita-se o sabido: os torcedores violentos, segundo as sérias pesquisas feitas por especialistas, não são mais que 7% dos inscritos em torcidas organizadas, e todos estão identificados, mas poucos foram punidos.

É tão errado generalizar o fenômeno como é passar o pano e fazer a política do avestruz.

O problema é grave, antigo, e tem solução.

Do ponto de vista estritamente esportivo, santistas e vascaínos sensatos já sabem quais serão os responsáveis pelo eventual rebaixamento de um ou de outro, ou dos dois, ao fim do Campeonato Brasileiro.

Porque a perda do apoio da maioria pacífica de torcedores nos próximos jogos pode ser fatal.

Se é que as penas serão mantidas.

A da homofobia em Itaquera já caiu.

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