16:56ticiana vasconcelos silva

Por que deixais o tempo correr?
Que ele permaneça imóvel
Em uma bacia de desejos
Em que se banhe
A alma
Por que viver para o além?
Se além da conta há o porém
Fazeis e não sabeis
Sonharemos com o amanhã?
A fruta ficou tímida em vossas bocas
Por que deglutistes com pensamentos mórbidos
E nada que for paralisado se alinhará
À sua promessa de acordar
Menos velho, mais forte
Outrora eu tivesse viajado
Como uma águia a perseguir formigas
Quem nos dera levantar um muro
Plantado em cima de nossas raízes
E como é bela a menina sem nome
Como é vivo o azul do frio
Venho de longe para perto ficar
Vendo os musgos cantarem
E tudo é insólito e escasso
Um dia treinarei a minha língua
Para dizer: fome
Um dia partirei com os anos
Em que nunca fiz estátuas
A relembrar a rua de pedras
E assim perdoo
A vida por me dar restos
E confesso: vou chorar
Como a sombra dissolvida
Na hora do adeus
Projetastes um império
E quem ficou cego?
O sol não pôde santificar
Vossos dedos em meus cabelos
Mas assim é o mar
Vem trazer grãos
Mas ousamos navegar

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