de Carlos Castelo
§ Tenho colegas escritores bem diferentes de mim, ou sou eu o diferente de todos? Para começar, antes de produzir meus textos, penso em algum tema a desenvolver. Esses meus colegas costumam pensar em qual concurso literário poderiam inscrever os seus materiais. Percebem? É um processo mais de inscrição do que de escritura. A coisa não para por aí. A depender do concurso, ou chamada, que irão submeter suas ideias, a narrativa irá por determinado caminho. Se for um certame com uma pegada mais identitarista, o inscritor parirá uma peça identitária; caso seja uma chamada para obras de cunho esportivo, virá à luz um libelo sobre o desporto. Não sou fiscal de escribas, somente aponto o que vejo. Por exemplo, outro colega bem diferente de mim é o autor em perpétuo aprendizado. Esse está sempre inscrito numa oficina, frequentando um mestrado. Pode ainda ser visto num curso rápido, mas nunca se vê um livro dele na livraria. Conheço um camarada que já fez tantos cursos literários que, caso isso fizesse de alguém grande autor, ele hoje seria, por baixo, o Flaubert. Só ainda não é porque apenas aprende e nunca desprende o romance de sua geração. Há também os poetas diferentes de mim. Porém, melhor não citar bardos e vates aqui. Não se fala de poema, poema se faz. Ou então é poesia de Instagram.
Aeeee!